spot_img

Leia a nossa última edição

Professor Lécio Jorge e os anos dedicados ao esporte de Maricá

Não há em Maricá quem não conheça ou tenha sido aluno do professor Lécio.Com 75 anos ele é uma daquelas figuras da cidade que tem história para contar. Lécio Jorge da Cruz nasceu em Maricá, em 23 de agosto de 1944. Filho de Christovão Ernesto da Cruz e Rosalina Maria da Cruz, moravam no bairro Caju, em Maricá, e a única fonte de renda da família era a confecção de arreios e celas. Viviam em uma casa bem simples, Lécio, os pais e mais oito irmãos.
De família humilde, conheceu desde cedo as dificuldades impostas pela vida. Além de estudar, ajudava nos afazeres de casa. Pela manhã cortava capim para os animais e lenha para o fogão. Além de carregar a água para consumo do lar. Aos sete anos foi cursar a 1ª série no Colégio Elisiário Matta “Tive uma infância muito boa. Percorria diariamente a estrada que passava pelo morro do Caju para poder ir a escola e ia com os tamancos na mão para poupar a sola”, relembra.
Aos 13 anos foi estudar no Colégio Cenecista Maricá, mas por conta dos afazeres de casa acabou repetindo a 5ª e a 6ª séries. Ele conta que chegava do colégio e ajudava o pai a fazer celas até tarde da noite, utilizando a luz da lamparina , do lampião ou do carbureto.
Casado com Dionísia Pereira dos Santos Cruz desde 1973, tem três filhos e três netos e se conheceram na festa da capela de Santo Antônio, no Espraiado. Dionísia conta que eles já tinham se visto, pois ele sempre comprava doce onde ela trabalhava. “Foi só mesmo na festa que acabamos nos conhecendo. Estava com uma que acabou nos apresentando”, comentou.

Ingresso no Curso Normal


O maior desejo de Lécio era cursar a faculdade de Engenharia , mas devido a falta de recursos, o destino acabou-o levando a fazer o antigo Curso Normal. Segundo ele, além de conseguir o diploma, poderia ganhar a vida como professor. “Fui criticado por muitas pessoas, pois o Curso Normal era visto como algo exclusivamente feminino. Fui o primeiro homem em Maricá a matricular-se no Curso Normal. Agradeço à minha irmã,Maria de Lourdes porque foi a graças a ela que consegui me formar, pois me ajudou com os custos do estudo”, relatou.
Mesmo antes de ter concluído o curso, trabalhou como professor substituto em 1965 e como contratado em 1966, vindo a concluir os estudos em 1967. Trabalhou em duas escolas como professor e diretor.


Profissional de Educação Física


Por conta da carência de profissionais , fez o curso de treinamento para professores de Educação Física, reconhecido pela antiga Divisão de Ensino Médio (DEM). Em 1971, começou a trabalhar como professor de Educação Física, passando por diversas escolas da cidade. Em 1973 foi trabalhar em Cabo Frio, voltando a trabalhar apenas em Maricá no ano de 1979 onde lecionou até 2002. ” Sempre gostei de todas as modalidades .Os alunos me consideravam como um amigo. Até hoje em dia sou parado na rua pelos ex-alunos. O esporte é o melhor meio de tirar crianças e jovens do mal caminho”, disse.
Apesar de não ter cursado uma universidade, teve seu sonho realizado através de seus filhos. Sua primogênita formou-se em Pedagogia, seu filho do meio é bacharel em Tecnologia da Informação e o caçula bacharel em Direito. “Em 2005 tive uma grande alegria com a chegada do meu primeiro neto. Depois vieram mais dois: um em 2007 e o outro em 2011. Tenho muito orgulho da minha família e da minha história, ” concluiu.

BOX


Em homenagem ao Dia do profissional de Educação Física, comemorado no dia 1º de setembro, Laércio foi homenageado com uma placa pelos serviços prestados ao município. O prefeito Fabiano Horta entregou uma placa. “Lécio foi o primeiro professor de educação física de Maricá. A maioria aqui é muito nova, mas quem tem mais de 35 anos conhece esse senhor aqui, que para todos nós é uma referência do município. Por isso, nada mais justo que prestar essa homenagem. Maricá precisa guardar na memória a dimensão das pessoas que fizeram um legado esportivo e que despertaram nas pessoas a importância de praticar o esporte”, ressaltou Fabiano Horta.
Emocionado, ele agradeceu pela homenagem. “Sinto-me maravilhado. A semente que plantei, hoje estou colhendo. Na minha época havia uma escassez de professores de educação física no estado e hoje fico muito feliz de ver em Maricá um olhar muito especial para a atividade física, para o esporte, que é transformador, tem o poder de disciplinar, afastar das drogas, tirar o jovem das ruas e transforma-lo em um cidadão de verdade. Esses garotos aqui jogando são joias raras e só posso agradecer”, disse.

Foto: Clarildo Menezes

Maricá Já Play. A sua informação em apenas um click

Últimas Noticias

LEIA MAIS