Claudinho Guimarães
A vida de uma lenda.
No dia 14 de junho de 2020, Maricá entrou em luto. O falecimento do grande cantor e compositor Claudinho Guimarães por um infarto fulminante deixou a todos que o conheciam estarrecidos. O cantor havia a alguns anos adotado Maricá como sua cidade para viver e muito contribuiu para o desenvolvimento da cidade nos últimos anos, principalmente participando ativamente em projetos sociais.
Claudinho, muito querido por todos os amigos, e também pela redação da Maricá Já, alegrava todos os lugares por onde passava. Era aquela pessoa que sempre trazia uma energia positiva e um sorriso no rosto, deixando mais alegre o dia de todos que cruzavam seu caminho. Um cara com o coração tão grande que se refletia em seu talento como músico e compositor. E também um pai sem igual, que parte deixando uma filha pequena que com certeza o terá como referência.
A vida do sambista
Nascido no Rio de Janeiro, Claudinho Guimarães entrou pro mundo da música aos 14 anos quando começou a tocar pandeiro; talento que herdou de Dona Gina e do avô materno Manoel, pandeirista, e do primo Edinho, cavaquinista e violinista. Mas quando completou 15 anos, o sambista trocou o pandeiro pelo cavaquinho e nunca mais se separou do instrumento de corda.
Anos mais tarde, iniciou a carreira de músico oficialmente e rapidamente passou a integrar importantes projetos musicais no bairro da Lapa, Rio de Janeiro, um dos redutos do samba carioca. Lá, ele cantou ao lado de grandes nomes como Arlindo Cruz, Almir Guineto, Monarco, Nelson Sargento, Jovelina Pérola Negra e outros.
Ele chegou a gravar um LP em 1993 pela gravadora Continental quando integrou o grupo “Força da Cor”. Claudinho passou por vários grupos musicais até se apresentar no Terreirão do Samba em 1990.
O sambista entrou para escola de música Villa Lobos e começou a aprimorar o canto e a teoria musical, o que lhe fez amadurecer como artista. Iniciando sua trajetória de compositor, conheceu parceiros do samba como Serginho Meriti, Tiago Mocotó, Evandro Lima e Júlio do Banjo.
Foi devido aos estudos e a essas parcerias que Claudinho fez sua carreira profissional decolar. Primeiro ele se tornou cantor solo e começou a produzir sua discografia, que começou com o CD Luz do Criador (2009), com produção do parceiro Evandro Lima. Em 2013 veio o segundo álbum, De Bem com Vida, com produção do Rildo Hora.
Claudinho Guimarães também marcou presença na terceira edição do Quintal do Pagodinho, lançado em 2016. Ele foi um dos destaques na edição, acompanhado de nomes ilustres como Paulinho da Viola, Maria Rita, Diogo Nogueira e Moacyr Luz.
Além de seu grande sucesso “Quando a Gira Girou”, Claudinho também compôs muitos sambas que ganharam fama na voz de grandes músicos. Dentre suas canções destaca-se “La vai a Marola” e “Shopping Móvel” também gravado por Zeca Pagodinho; “Mangueira é Mãe” por Alcione e “Da Melhor Qualidade”, que já foi interpretado por Beth Carvalho, Leandro Sapucahí e Diogo Nogueira. Este último prestou homenagem ao falecido compositor em uma live, cantando seu samba de maior sucesso.
Claudinho também esteve envolvido em muitos projetos sociais e chegou a compor uma música homenageando os profissionais que estão na frente de combate ao Covid-19. Sua última apresentação foram nas lives comemorativas dos 206 anos da cidade de Maricá.
“Eu tinha feito uma música falando do médico e enfermeiro. Aí uma amiga de Facebook, que é motorista de uma ambulância, veio no privado e falou: Eu não quero me meter não, mas tem tanta gente que trabalha nessa área também. Aí eu parei em baixo do pé de pitanga e consegui fazer uma música e colocar bastante gente”, comentou o sambista.
O compositor então alterou a letra para incluir não apenas os profissionais de saúde, mas também os maqueiros, os faxineiros, os motoristas, os atendentes, os seguranças, enfim todos os trabalhadores que saem de casa em meio à pandemia para garantir que outras pessoas não contraiam o vírus.
O sambista já realizou alguns projetos como o Samba Di Boteco em 2014, que aconteceu nas praças de Maricá e contou com a parceria da Secretaria de Turismo da Cidade. Como também Quero Samba, que ocorria quinzenalmente em espaços culturais, mas foi interrompido devido à quarentena. Ele também coordenou o setor musical do Projeto Cultura de Direitos, produzido pela Secretaria de Participação Popular, Direitos Humanos e Mulher.
Sua música mais conhecida ilustrou perfeitamente o fatidico dia do velório, que amanheceu nublado. “O céu de repente anuviou e o vento agitou as ondas do mar”. Maricá entrou em luto. Não só seus cidadãos, mas o céu também chorou com a perda do artista. A Maricá Já deixa aqui sua homenagem à essa lenda do samba. Claudinho deixará saudades.
Fonte: Prefeitura de Maricá 1 e 2, G1, Plantão em Foco e Uol