Estamos no “Outubro Rosa”, mês de realização da campanha de conscientização contra o câncer de mama e, mais recentemente, do câncer de colo de útero. Mobilização que acontece mundialmente e tem como objetivo compartilhar informações, alertar as mulheres e a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. Este esforço de conscientização é permanente e acontece com mais intensidade no mês de outubro, tendo como símbolo o laço cor de rosa.
Considerado o tipo de câncer mais comum entre as mulheres – depois do câncer de pele, o câncer de mama é resultante da multiplicação de células anormais da mama, que formam um tumor. A doença é responsável pelo maior índice de mortalidade feminina no país. Para 2020, a estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA) é de que surjam mais de 66 mil novos casos de câncer de mama em mulheres, sendo 1% desse valor em homens. Embora raro, ele é possível porque os homens também possuem glândulas mamárias e precisam estar atentos a isso. No caso do câncer de colo de útero, a estimativa para este ano é de cerca de 16 mil casos no Brasil.
Há vários tipos de câncer de mama. Alguns têm desenvolvimento rápido, enquanto outros são mais lentos. Já o câncer de colo de útero é o terceiro mais frequente nas mulheres. Ele é causado pelo vírus HPV, transmitido pelo homem – que pode sofrer de câncer de pênis, também é causado pelo HPV. Esse é o único câncer que pode ser prevenido, através do uso da camisinha e de vacina, mas que ainda encontra uma resistência inexplicável dos responsáveis de vacinarem seus filhos (meninos e meninas).
A ginecologista obstetra, Dra. Claudia Rogéria, explica que o autoexame das mamas ainda é uma das principais formas de prevenção do câncer. Ela ainda ressalta a importância da mulher amamentar pelo maior número de meses possível. “Isso porque ao amamentar ocorre a esfoliação do tecido mamário e renovação do mesmo, além de evitar que a mulher menstrue, diminuindo assim, o tempo de exposição aos hormônios”.
Para o médico oncologista do INCA e do grupo Oncoclínicas, Dr. Leandro Moreno, não há uma causa única ou específica para o surgimento do câncer de mama. “Obesidade, sedentarismo, consumo excessivo de álcool; não ter tido filhos, parar de menstruar depois dos 55 anos; ter feito reposição hormonal, ter histórico de câncer de mama e ovário na família são alguns fatores de risco”, explica.
Cerca de 30% desses casos podem ser evitados com alimentação adequada, atividade, física, amamentação, peso adequado; evitar fumo, bebidas alcóolicas, amamentação e orienta. “Mulheres e homens que apresentem nódulo na mama, inchaço, vermelhidão, pele retraída, ondulada ou enrugada – com aparência de casca de laranja, alteração do bico do peito, caroços na axila ou até mesmo no pescoço; saída de líquido ou secreções pelos mamilos, precisam ser investigados. Independente de sintomas, quanto mais cedo for a detecção, maior é a chance de cura nas pacientes. Isso impacta na mortalidade. Recomenda-se mamografia a cada 2 anos. As mulheres de risco aumentado fazem de forma mais precoce, antes dos 50 anos e os casos têm que ser individualizados. A mamografia é grande exame para a detecção e tem impacto quanto a mortalidade. Se há suspeita, tem que se fazer a biópsia para confirmação. A detecção precoce é o que muda a vida das pacientes. O tratamento vem melhorando muito nos últimos tempos. Outro fator que deve ser analisado é o histórico geral familiar”, diz o médico.
Outro método de prevenção é fazer exame de mamografia rotineiramente, de acordo com a indicação do médico, pois esse é um dos melhores e mais importantes exames de rastreamento e detecção precoce.
Foi o que aconteceu com a diretora de edição da nossa revista, Carine Monnerat, que ao realizar seus exames de rotina em 2018 recebeu o diagnóstico do câncer de mama. Mesmo com seus exames em dia o tipo do tumor era agressivo e precisou passar por todo protocolo de cirurgia, quimioterapia e radioterapia.
Sem histórico familiar da doença ela conta o susto ao receber o diagnóstico. “ Receber a notícia é um susto muito grande até porque eu estava com todos os exames em dia e não havia nenhum caso na família. A primeira coisa que passa pela cabeça é que vamos morrer. Mas tanto meu mastologista quanto meu oncologista, dr Leandro, me explicaram tudo e os avanços no tratamento. Fiz a cirurgia de retirada do tumor num dos quadrantes da mama. Passei pelos ciclos da quimioterapia e da radioterapia. E mesmo antes dos cabelos caírem decidi cortá-los”. Ela que sempre foi muito ativa e vaidosa, decidiu que mesmo em tratamento, continuaria tentando viver uma vida bem próxima da que tinha antes do diagnóstico da doença. “Continuei trabalhando, levando os filhos à escola, usando maquiagem, salto e como não tinha cabelo comecei a ‘brincar’ com as amarrações dos lenços na cabeça, e isso chamava a atenção de todos. Muitas pessoas não imaginavam que eu estava em tratamento nem careca”. Se manter ativa, dentro das limitações do tratamento foi importante para sua saúde física e mental. “Tenho algumas sequelas que devem ir melhorando com o tempo, mas sigo a minha vida normal. Agora priorizo minha saúde e minha família, e não gasto minhas energias com aquilo que não vai acrescentar em nada na minha vida”.
Quanto à reclamação mais comum entre as mulheres acerca da mamografia ser um exame incômodo e doloroso, Dra. Claudia esclarece que “isso acontece por causa da pressão necessária para posicionar a mamas e realizar o exame nas incidências necessárias para visualização da glândula mamária como um todo, e também dos linfonodos que ficam nas axilas”.
Segundo o INCA, cerca de 30% dos casos de câncer de mama podem ser evitados apenas com a adoção de hábitos simples e saudáveis, como: a amamentação, alimentação saudável, prática de atividades físicas, manutenção do peso corporal em um nível também saudável, não consumir bebidas alcoólicas e evitar o fumo. A Dra. Claudia acrescenta que “o segredo para prevenção dessas patologias é a visita ao seu médico com a frequência determinada por ele, a realização de exames preventivos, e a avaliação da tireóide para verificar se há nódulos a serem investigados”.
Carine relembra ainda a importância da realização dos exames de rotina. “Talvez se eu não tivesse feito meus exames de rotina, não estivesse hoje aqui. Por isso, não podemos descuidar. O cabelo cai, mas o cabelo cresce! É preciso acreditar que a gente pode e consegue ficar bem!”.
ENTENDA COMO COMEÇOU O MOVIMENTO:
O movimento “Outubro Rosa” surgiu em 1990, em Nova York com objetivo de arrecadar fundos para pesquisa de uma fundação americana de combate ao câncer de mama. Hoje, abrange os direitos ao diagnóstico e tratamento precoce previsto em Lei, promovendo a conscientização sobre as doenças, proporcionando maior acesso aos serviços de diagnóstico e contribuindo para a redução da mortalidade. Além disso, traz à tona a atenção à saúde da mulher como um todo.
Texto por Alinne Nobre.