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Diogo Rosa: Movido pela arte

Maricá tem mostrado ao longo dos anos ser um celeiro de grandes artistas, que levam o nome e o orgulho da cidade Brasil e mundo afora. Por isso esse mês fomos atrás de uma dessa um jovem artista que vem se destacando no cenário carioca e nacional: Diogo Rosa

Morador do Boqueirão, teve seu primeiro contato com o teatro dentro do colégio municipal Benvindo Taques Horta quando ainda era bem pequeno. Influenciado por sua professora Edna, foi aos 6 anos convidado a participar da escola dominical da Igreja Metodista durante as férias. Como já era costume, no Natal, as crianças interpretavam uma peça e aos nove anos Diogo brilhou como o anjo Gabriel, despertando assim seu gosto pela arte.

Quando mudou de escola, foi estudar no CIEP 259, que para a sua alegria havia mais movimento artístico, com isso se jogou na arte de cabeça participando de todas as manifestações que pôde, tanto de teatro quanto de dança.

Diogo lembra que quando criança, seu padrasto não o deixava assistir televisão, e por isso sua distração era ler. “Eu lia dois livros por dia e esse gosto pela leitura ajudou me tornar também escritor”, relembra. Nessa época começou a ganhar concursos realizados na cidade, sendo sua primeira vitória com o texto “Pedro o piolho falante”, no “Concurso Juvenil de Arte”; na segunda edição do concurso, Diogo conquistou o 2º lugar com a história “A vampira inocente”, ganhando destaque em jornais da cidade. No 1º lugar no “I Festival de Monólogos Teatrais do Município de Maricá”, conquistou o primeiro lugar com o monólogo “O menino de Berlin”. Assim, o jovem começou a usar seu talento para montar peças com seus colegas na escola. Nesse período ele era aluno da produtora cultural e atual vereadora Andrea Cunha.

Com 14 anos, decidiu fazer um curso de teatro na Casa de Cultura de Maricá, sendo aluno do professor e ator Perceu Silva. Ali apresentaram a peça “Os viajantes”, de Maria Clara Machado e foi após isso que decidiu fazer da carreira artística sua profissão, buscando especialização. Estudou no SESC de São João de Meriti, e apesar da dificuldade que sua mãe teve para custear seu deslocamento, Diogo conseguiu concluir o curso. Mas ele queria mais, foi estudar em Niterói e conheceu a Companhia Vida, da Marília Dani e Paulo Ernani, que deram a ele uma bolsa de 100% para o ballet e o teatro. Fizeram alguns espetáculos e com 18 anos Diogo foi para trabalhar no Rio de Janeiro.

Diogo alçou voos maiores e passou a integrar o famoso grupo “Nós do Morro”, projeto de teatro Vidigal que além de revelar vários atores de grande expressão nacional, resgatou muitos jovens que poderiam ter seguido pelo caminho do tráfico naquela realidade. “Consegui ver muita gente que poderia ter se perdido naquela favela ser salva por esse projeto social e mudou também a minha vida, foi onde tive a minha experiência de fazer cinema.” E foi durante a gravação do seu primeiro longa-metragem “O destino” que Diogo conheceu Babu Santana, no filme produzido por uma americana e com parte do elenco brasileiro e outra parte estrangeiro, lançado apenas em Los Angeles, não chegando a ser apresentado no Brasil. Nos EUA rodou festivais e chegou a ganhar um prémio”, diz.

 “Sendo de família pobre, negro, querendo investir no meu sonho, em um espaço que na época era ainda mais fechado para pessoas como eu, tive que batalhar muito. Às vezes eu estava no glamour fazendo a melhor peça, mas trabalhando com faxina, de garçom, ou com o que aparecesse para conseguir pagar meu aluguel. O “Nós do Morro” deu uma enfraquecida quando perdeu o patrocínio da Petrobras, uma vez chegou a parar, reuni alguns atores e montei meu grupo de teatro “O elenco invisível”. Começamos a montar “O capitão livrão”, peça que ganhei do diretor com quem trabalhei por 5 anos”, relembra as dificuldades enfrentadas ao longo dos anos.

Diogo também já escreveu um monólogo em homenagem a sua avó, já falecida, que sempre o incentivou e acreditou no seu sonho. “Sigo perseverando. Sou um cara realizado por, mesmo com a instabilidade da carreira artística, nunca ter ficado sem desempenhar minha arte”, fala orgulhoso.

Desenvolveu bons trabalhos com grandes profissionais como Marieta Severo e Andrea Beltrão, surgindo assim a parceria com Babu Santana. Juntos escreveram uma série, em fase de produção, com a proposta de colocar protagonistas negros e mostrar uma realidade diferente do sofrimento e da criminalidade, mas sim com humor e o cotidiano sem esses elementos.  Recentemente, Diogo participou de outro projeto para o canal do Youtube do Babu, o Sarau do Paizão.

Já em 2019, o artista recebeu desafio de interpretar Jesus Cristo na peça “A paixão de Cristo” produzida pelo setor de teatro da Secretaria de Cultura da prefeitura de Maricá, sendo bastante elogiada.

Hoje, em paralelo aos projetos, ele atua na secretaria de Educação da prefeitura de Maricá, dando aula de teatro no CEM Joana Benedita Rangel e participando de todas as produções artísticas realizadas pela secretaria. Assim, Diogo tem a oportunidade de fazer pelos alunos da rede municipal, o que sua professora Edna fez por ele anos atrás: despertar o gosto pela arte e ensinar que a cultura é fundamental na construção de seres humanos melhores e pensantes.

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