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De carona no parapente: Descobrindo as histórias do Camburi

Camburi é um bairro situado no 1º distrito de Maricá, conhecido pelos voos de parapentes e pela bela vista panorâmica da cidade, como também pela plantação de banana e de outros gêneros agrícolas, fabricação de farinha e sola, produtos tradicionais da cultura maricaense. O acesso é íngreme e, por essa razão, pode ser feito a pé ou por meio de veículos de tração 4×4 / moto. Lá podemos encontrar uma rampa de voo livre, muito conhecida pelas pessoas da região, especialmente pelos praticantes de parapente.

O relevo há muito tempo é fonte de atenção, inclusive dos indígenas, que chamavam o local de solo fértil de “Kumari”. O referido relevo é composto pela Serra do Camburi, que está inserida na Travessia Retiro–Cassorotiba, possuindo 6 km de extensão, com altitude máxima de 306 metros, cujo percurso apresenta difi culdade moderada a pesada e tempo de duração de 2 horas. A trilha permite o contato com o bioma da Mata Atlântica, com uma imensa riqueza de fauna e flora, como: embira de sapo ou embira de carrapato, utilizada na arborização urbana; capixingui, indicada para a preservação ambiental, devido sua capacidade de resistência.

Faz parte do Refúgio da Vida Silvestre de Maricá, criado no ano de 2011, destinado à proteção de limites marinhos e terrestres da cidade. De acordo com o Plano de Manejo Integrado das Áreas Naturais Protegidas de Maricá, os fragmentos florestais da Serra do Camburi se encontram em melhores condições da cidade, ao lado das demais serras do Mato Grosso, Caju, Jaconé e Macacos.

O significado da palavra Camburi, de origem indígena, quer dizer “camboeiras”, fazendo menção as fortes chuvas ocorridas, principalmente, no mês de setembro, provocando a cheia de córregos e transbordando açudes, denominada “chuva dos imbus”. Também pode indicar “camboeiro”, que expressa “vento tempestuoso que sopra aguaceiro que cai antes das primeiras trovoadas do ano”. Existe outra explicação para a denominação local, que seria “um lugar onde há leite, mel e água”.

Há outro significado, expresso por meio das memórias transmitidas de geração a geração, perpetuadas pela História Oral. Conta-se que o bravo guerreiro indígena Piatã usava seu burrinho de carga para o transporte de mandioca, principalmente para a localidade de Pindoá – denominação indígena para o bairro de Pindobas – que, ao se cansar, parava no meio do caminho. Com isso, Piatã dizia “Camba, Buri!”. Daí deriva o nome da localidade, pois “camba”, quer dizer caminhar e, “Buri” seria o nome do burrinho.

Cabe ressaltar que os indígenas da Aldeia de São Barnabé (Itaboraí) faziam uso de diversas plantas e flores encontrados no Camburi para o tratamento de doenças, como o açoita- -cavalo-miúdo, recomendado para o tratamento de reumatismo; e planta espinheiro, indicado para cuidados de problemas do coração. Em 24 de março de 1696, o sesmeiro Amaro dos Reis recebeu essa sesmaria do Capitão Governador Sebastião de Castro Caldas.Por Camburi também é conhecido o córrego que nasce em uma das vertentes dessa serra, que fazia parta das terras da Fazenda do Vale, do Senhor Hugo Ferraz Porto. A região também é conhecida por meio da Fazenda de Camburi, cujo proprietário era João Antônio Monteiro, falecido em 1866. Os herdeiros Miguel, Antônio e Rodrigo Monteiro continuariam na condução da fazenda, voltada para a produção de café, farinha e cereais.

Uma curiosidade é que a antiga escola municipal que funcionava na região era denominada E. M. Rodrigo Monteiro. Até os dias de hoje, a plantação de gêneros agrícolas em pequenas propriedades é uma atividade econômica ainda realizada no local, visando o sustento da população. Considerando a altitude da serra e a densidade da mata, a região se tornou um refúgio e meio de resistências dos negros escravizados por causa do Quilombo Camuá, que era totalmente rodeado por palmeiras com espinhos, dificultando o acesso e a localização por parte dos senhores e seus capatazes. Atualmente, a localidade é palco de um mirante, possibilitando que as pessoas vislumbrem as belezas maricaenses de um ângulo privilegiado, que há muito tempo atrai a atenção de praticantes de trilha, voo livre, ciclistas e motocross, acolhendo os admiradores da natureza e cativando corações de seus visitantes.

Por: Historiadora- Maria Penha A. e Silva

Arquiteta e urbanista- Renata Gama

Mestre em Educação- Renata Toledo

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