Criado em 2015, o Projeto “Nós Dançantes” da Secretaria de Cultura de Maricá oferece gratuitamente, no Centro de Esportes Unificados (CEU), na Mumbuca, aulas de dança para pessoas com idades entre cinco e 18 anos. Para muitos, essa é a única oportunidade, não só de ter contato com a arte que tanto amam, quanto de se especializar nas modalidades de suas preferências.
Entre as opções: pré-ballet, ballet clássico, dança jazz, sapateado, dança moderna e dança contemporânea. Todas ensinadas com perspectivas sociais bem definidas, o objetivo de ampliar e estimular a produção e o consumo da arte e cultura na cidade, não somente como desenvolvimento intelectual do saber, mas também como um conjunto de valores sociais e costumes que contribuem para a construção da cidadania, promovendo a inclusão social.
As aulas são realizadas duas vezes por semana, no horário da manhã, da tarde ou da noite, com carga horária de uma hora diária para as turmas de pré-ballet, dança inclusiva e dança de salão, e de uma hora e meia para as outras modalidades. Todas são de forma contínua, o que possibilita o aperfeiçoamento dos alunos à cada ano.
Com a dança, é possível liberar sentimentos e emoções e, sobretudo, refletir manifestações culturais, transformando aquilo que se representa em linguagem social e profissional.
Para participar do projeto, não há nenhum processo de seleção, basta que a pessoa tenha força de vontade. No entanto, há a obrigatoriedade do aluno se dedicar ao ballet clássico por, no mínimo, um ano. Após este tempo, ele escolhe a atividade com que mais se identifica. São elas:
Ballet Clássico – o movimento é trabalhado através do conhecimento do próprio corpo com o espaço e os outros objetos de cena. O conteúdo aplicado utiliza o simbolismo e a fantasia, permitindo o estímulo do desenvolvimento da atividade criadora e da imaginação.
Dança Jazz – é uma forma de dança extremamente atual, intimamente ligada à expansão comercial da Dance Music. Nas aulas de jazz, os alunos trabalham intensamente o físico, tais como: alongamento, força muscular, coordenação motora, musicalidade, postura e animação.
Dança moderna – Seus movimentos são mais livres, embora ainda respeitem uma técnica organizada. Dispensa o apoio nas pontas dos pés. Os bailarinos dançam descalços, trabalham com contrações, torções, desencaixes, lesões, entre outros.
Dança contemporânea – sua técnica é tão abrangente que não delimita estilos de roupas, músicas, espaços ou movimentos. Não há mecanismos definidos, há antes processos e formas de criação. Também não existe um corpo ideal e sim um corpo multicultural que tem várias referências. Nessa dança, o que importa é a transmissão de sentimentos, ideias e conceitos.
Sapateado – é uma arte visual e sonora. Um misto de ritmo, som e técnica, movimento e estilo. O sapateador é um dançarino vibrante que produz sua própria música. Este estilo de dança, além de ser um ótimo exercício físico, proporciona o desenvolvimento da percepção musical e da coordenação motora.
Mais de 800 alunos passaram pelo projeto
Ao longo desses 7 anos de trabalho, aproximadamente 800 alunos passaram pelo projeto, que inicialmente atendia a crianças, adolescentes e adultos. Para o bailarino e coordenador, Leandro Dasilva estar à frente do projeto ao longo de todos esses anos é algo de extrema importância.
“Não só como algo a carregar no meu currículo profissional, onde atuo há 28 anos. Este projeto é um plano e um esforço solidário que tem como objetivo melhorar um ou mais aspectos de uma sociedade. Esta iniciativa potencia a cidadania e a consciência social, envolvendo as crianças na construção de um futuro melhor. A cultura tem este papel fundamental e a dança abrange um leque de opções para esta construção”, explica Leandro.
Segundo ele, a dança possibilita aos alunos novas formas de expressão e comunicação, levando-os à descoberta da sua linguagem corporal, além de melhorar a autoestima, as relações interpessoais, reduzir os bloqueios psicológicos, melhorar a concentração, a sensibilidade e a motivação; fatores importantes para potencializar a criatividade.
“E além de tudo, o projeto mostra uma possibilidade da criança se descobrir na dança que ela poderá eleger como uma profissão, se tornar um bailarino e quem sabe um professor. Muitos alunos que saíram do projeto continuam atuando com a dança dentro e fora de Maricá, em outros espaços de dança. Nós tivemos uma aluna, por exemplo, que se descobriu na dança e hoje atua fazendo produção cultural na UFF”, revela Leandro, que conta com o auxílio do professor Ryan Alves, seu braço direito, no projeto.
Fotos: Katito Carvalho e arquivo pessoal
Por Elaine Nunes (disponível na edição de outubro da revista)