Por Gabriela Rodrigues
Dentre as opções de destinos para os apaixonados pelo turismo de aventura em Maricá, sem dúvidas, o circuito das Grutas do Spar encabeça a lista. Com nível de dificuldade média e cerca de uma hora de percurso, a trilha apresenta diversos atrativos, como a beleza da vista e das cavernas, a imersão na natureza, o contato com diferentes espécies de animais e de vegetação, acesso ao lago e até a opção de escalar em rapel, para os mais corajosos.
Mas o que nem todos sabem, é que o local corre o risco de deixar de existir.
Localizadas próximo ao bairro de Inoã, as grutas são estruturas construídas por homens por volta do século passado, quando ainda existia uma mineradora no bairro. Ali, se extraíam pedras chamadas malacacheta e feldspato. Com a desvalorização dos minérios ao longo do tempo, a mina foi fechada.
Além das estruturas físicas, há outra lembrança da mineradora que permanece intacto. O
bairro recebeu o nome de Spar em homenagem à família italiana Sparano, dona do extinto
empreendimento. Hoje, a região sofre com a exploração de iniciativas privadas que realizam a extração de brita da pedreira, material utilizado na fabricação do concreto, com o uso de dinamites.
Para o guia de turismo Alberto Matrilhas, as grutas do Spar são parada obrigatória para quem ama a natureza e curte atividades ao ar livre. O profissional, que leva em média 50 pessoas por mês para a trilha e o rapel, também busca conscientizar as pessoas sobre a importância cultural e ambiental do espaço.
“Eu vendo alegria, as pessoas curtem fazer atividades na natureza ou aventuras radicais, mas a conscientização ambiental é meu principal foco. As degradações continuam e estão
gradativamente extinguindo a mata. Em breve não existirá mais nada ali, além de um imenso vazio.´´
A trilha
Antes de mais nada, é importante saber que a trilha não pode ser acessada sem guia, pois há riscos de acidentes ou de se perder na mata. O ponto de partida para quem vai de carro ou ônibus é a Praça do Spar, que fica a poucos metros da entrada do bairro na Rodovia Amaral Peixoto, Km 13.
O trajeto conta com subida por uma pequena mata, depois um barranco e acesso à mata
fechada por cerca de 200 metros, logo adiante, pode-se encontrar as grutas, que são cavernas de aproximadamente 40 metros de altura, onde se pode praticar o rapel. E a trilha continua no interior da rocha, com auxílio de lanterna. Após esse percurso, há um lago natural próprio para banho.
No topo da trilha, há uma vista deslumbrante, onde pode-se observar a Pedra de Inoã,
o morro Monte Castelo e mais ao fundo, o oceano atlântico. Para retornar, a trilha segue pelo outro lado da mata.
Fauna e flora
Na região, a vegetação que compõe o local é típica da Mata Atlântica, com árvores de pequeno e grande porte, que alcançam até 30 metros de altura, entre elas, jequitibá, tapinhoã, noz- moscada-silvestre, figueira, palmiteiro, pau-d’alho, ipê-amarelo e pau-ferro. Plantas como samambaias, musgos, bromélias e begônias também podem ser encontradas ao longo da trilha.
Animais também podem dar o ar da graça pelo caminho. Mamíferos como o macaco-prego, o porco do mato, a preguiça, o furão, o ouriço-cacheiro, o cachorro do mato, o mão-pelada, o tamanduá de colete, a paca, a cutia, os gatos do mato e muitas espécies de morcegos são próprios do bioma. Entre as aves, destacam-se os tucano-de-bico-preto, os gaviões, o
papagainho e a jacupemba, serpentes, a cobra de vidro, a jararaca e a jiboia. Invertebradoscomo moluscos, anelídeos e o caranguejo de rio; e insetos como as borboletas azuis, os serra-paus e as baratas da mata completam a fauna.