Por: Elaine Nunes
Quem vê Dona Dilma ou Dilma da Mumbuca, como é conhecida, em sua casa simples, no bairro onde reside há 50 anos, não faz ideia de sua história de luta e sobrevivência. Aos 84 anos, ela admite que a memória não é mais a mesma, mas fala com alegria de seu amor pelo Partido dos Trabalhadores. E guarda com orgulho as fotos tiradas com alguns dos responsáveis pela transformação do município e do Brasil: Quaquá, Dilma e Lula.
“Tem coisas que eu não lembro, mas eu amava e vou amar o PT até a hora da minha morte”, revela.
Filha de Manoel Pereira dos Santos e Alzira Santanna dos Santos, Dilma dos Santos Muniz nasceu em 07 de julho de 1937, numa fazenda localizada em Bom Jardim, um pouco depois do Condado de Maricá. Era a segunda filha do casal, que também teve Aldemir, Edezio, Nilba, Zilba, Nilza, Maria Antônia, Manoel Carlos e Francisco Carlos. Foi criada na roça, onde trabalhava para ajudar os pais no sustento da família. Por isso, acabou cursando apenas até a terceira série primária, numa escola chamada Itapeteú.
Casou-se em 20 de julho de 1963 com Divaldo José Muniz, na residência de seu pai, tendo como celebrante o juiz de paz José Oliveira da Silva Pinto. Do relacionamento, nasceram os cinco filhos: Deise Mere, Maria do Amparo, Kátia Cilene, Ana Cláudia e Luiz Otávio dos Santos Muniz. A família cresceu com a chegada dos seis netos: Kamilly, Maria Eduarda, Kadu, Mariana, Murilo e Gabriele, e da bisneta, Maitê. Pessoas de quem dona Dilma se orgulha muito.
Mas a vida de casada nunca foi fácil, principalmente para Dilma que foi obrigada a conviver com o alcoolismo do marido. Maltratada por ele, assim como seus filhos, nunca deixou a esperança de lado. Obrigava-os a estudar, para que fossem alguém na vida, e nunca deixou que se envolvessem com coisas erradas.
Divaldo trabalhava numa fábrica de blocos. Tinha carteira assinada. Dilma varria o quintal de várias casas, atuava como caseira e sempre contava com a ajuda dos vizinhos para amparar a si e a seus filhos. Em 1985, ficou viúva e passou a receber pensão. As agressões acabaram, mas a luta por melhorias continuou. Dilma não pensava apenas no futuro de seus filhos, mas no de todos que faziam parte de sua cidade. Afinal, apesar do pouco tempo que morou em Bom Jardim, sempre nutriu um amor por Maricá, e faria de tudo para que a cidade se tornasse melhor para todos.
“Minha avó é uma mulher guerreira e sua luta inspirou as gerações de filhos, netos e agora bisneta. Passou por muitas dificuldades, sofrimentos e perdas, mas jamais perdeu a fé e a esperança num futuro melhor. O sonho dela sempre foi que nós tivéssemos as oportunidades que ela nunca teve”, lembra Kamilly Muniz, neta mais velha, que também foi criada por dona Dilma.
Na Mumbuca, onde mora há quase 50 anos, fez muitas amizades. Conheceu o casal Ione e Carlinhos, os filhos Washington Quaquá e Marquinhos, além da família de Nete e muitas outras que a ajudaram a fundar em 1988, o Partido dos Trabalhadores da cidade. Essa seria a única forma de fazer o que Dilma tanto queria: melhorar a vida do povo.
“Desde criança eu a acompanhava nas mobilizações porta-a-porta, reuniões, caminhadas e comícios. Ela sempre explicava sobre a importância do voto, da democracia, da escolha correta dos nossos representantes e o quanto nossa vida melhoraria quando o povo chegasse ao poder. Lembro da longa caminhada e das lágrimas de felicidade quando o Lula tomou posse pela primeira vez em 2003 e em 2008 quando Quaquá se tornou prefeito”, completa Kamilly.
Na época, eram vistos como loucos. Mas o grupo acreditava em dias melhores.
“A gente ver tudo que o Quaquá conseguiu fazer é de emocionar a gente. Ele sempre foi uma criança focada. Hoje em dia, a geração pensa no futuro, mas naquela época não era assim. Hoje nos orgulha dizer que a gente conhece o Quaquá. Porque nossas famílias sempre estiveram juntas. Eles abriam as portas para a gente ver televisão e, muitas vezes, até para fugir do cativeiro que papai fazia conosco”, explica Deise, a filha mais velha de Dilma.
Segundo ela, quando a família voltou a morar em Maricá, uma parte da casa não tinha telhado, nem porta dos fundos e algumas paredes eram de pau a pique, feitas com barro e bambu.
“Chovia muito na casa. Tinha goteira. Não tinha água direito. Não tinha luz elétrica, era lampião e lamparina. Também não tinha banheiro. Meu pai pegou um zinco caído na rua, de um outdoor de anúncio, e encostou para servir de porta dos fundos. Era o que a gente fechava a noite. Só depois que a família da minha mãe veio ajudar, colocar telhado onde faltava e levantar algumas paredes”, diz.
Um projeto do governo permitiu que a família conseguisse colocar a luz de baixa renda e a CEDAE levou água ao bairro da Mumbuca, melhorando um pouco as condições em que viviam. Com o início do mandato de Quaquá em 2009, a vida dos Muniz, assim como a de todos os moradores da cidade, começou a mudar, como Dona Dilma sempre sonhou.
De lá para cá, foram muitas conquistas. E, apesar de não ter podido realizar o sonho de continuar a estudar, ela se orgulha em poder ver os netos fazendo faculdade, por bolsas de estudo e pelo sistema de cotas do programa “Passaporte Universitário”, fruto do governo do PT em Maricá.
Com todas as lutas, perdas e sofrimentos, a corajosa Dilma da Mumbuca é exemplo de vida da qual todos devemos nos orgulhar. Guiada e protegida por Deus, ensinou seus filhos, netos e os filhos de muita gente que cruzou o seu caminho a nunca desistir do que sempre desejou. Com esperança, força de vontade e a ajuda de gente do bem, Dilma provou que é possível, sim, continuar no caminho do bem.
Dilma Muniz é uma vencedora e serve de motivação para todos que, em algum momento da vida, pensaram em desistir!