Maricá, por meio da Secretaria de Participação Popular e Direitos Humanos, promoveu nesta quarta-feira (12/07) capacitação com o nome de ‘Migrantes e Refugiados: Conceitos e Orientações para Atendimentos”, com o intuito de instruir servidores no acolhimento a estrangeiros que chegam para se instalar na cidade. O evento, uma parceria com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, foi realizado na Casa dos Conselhos de Maricá, no Centro, e teve a presença de representantes de diferentes órgãos do governo municipal.
Participou também a instituição Cáritas RJ, através do Programa de Atendimento a Refugiados e Solicitantes de Refúgio (PARES), que ofereceu atendimento a um grupo de estrangeiros no local. Um deles era o venezuelano Jose Tomás Sabino Figueroa, de 64 anos, que deixou seu país há cerca de três anos em direção Maricá.
“Vim com minha esposa e um filho porque a situação na Venezuela estava muito ruim, como ainda está. Eu trabalho como ajudante de pedreiro e consegui assistência médica e social através da Prefeitura. Hoje, já estou ambientado a cidade e até participo do Carnaval como componente da escola de Samba União de Maricá. É muito bom morar numa cidade tão acolhedora, onde há tranquilidade e beleza”, diz o migrante, que mora no bairro do Bambuí.
Quem atende os estrangeiros que chegam a Maricá, é Garry Ulisse, um haitiano que vive na cidade desde 2015 e, atualmente, é assessor para migrantes e refugiados da Coordenadoria de Igualdade Racial, setor da Secretaria de Participação Popular e Direitos Humanos. Segundo ele, existem hoje aproximadamente 150 pessoas vivendo em Maricá oriundas de países como Venezuela (a maioria), Haiti, França, Índia, Síria, Zâmbia e Benin.
“Vim com a minha mãe para cá e acabei ficando, enquanto ela retornou. Mesmo trabalhando em um mercado, comecei atendendo outros estrangeiros que vinham para cá e, só depois, fui integrado ao governo municipal para desenvolver esse trabalho. Hoje, sinto muita gratidão pela cidade e trabalho para atender cada vez melhor aos que chegam”, afirmou Ulisse, destacando que nem todos os imigrantes são refugiados.
“Há os que escolhem a cidade para viver, quem não vêm de áreas de conflito como a França, por exemplo. Todos nos procuram para regularizar sua documentação e, assim, poder viver legalmente no país”, explicou ele, que integrou a comitiva que participou da 17ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em Brasília entre os dias 02 de 05 de julho.
Pioneirismo de Maricá
O trabalho do governo municipal foi elogiado pelo órgão estadual do setor. A coordenadora de migração e refúgio da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Eliane Almeida, diz que a cidade está de parabéns por ter um imigrante na posição de gestor.
“Ele conhece na pele o problema e, com certeza, é bem mais sensível. A migração é um processo que faz parte da história do Brasil e há exemplos, como o de Clarice Lispector, que foi acolhida com a família vinda da Ucrânia e se tornou a grande escritora que foi”, lembrou Eliane.