José de Anchieta e a pesca miraculosa em Maricá

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Equipe de Pesquisa:

Maria Penha de Andrade e Silva – Historiadora

Renata Gama – Arquiteta Urbanista

Renata Toledo Pereira – Doutoranda em Educação e Historiadora

Maricá é um lugar com muitos fatos históricos e, dentre eles, temos conhecimento da pesca miraculosa realizada na Lagoa de Maricá, no ano de 1584, pelo missionário José de Anchieta. No dia 9 de junho é comemorado como sendo seu dia santificado no calendário católico, data que marca seu falecimento, que ocorreu no ano de 1597, na antiga cidade de Reritiba, atualmente conhecida como Anchieta, localizada no estado do Espírito Santo.

José de Anchieta, o “Apóstolo do Brasil”, nasceu na Ilha de Tenerife, na Espanha, em 15 de março de 1534. Chegou ao Brasil em julho de 1553, aos 19 anos de idade, com outros jesuítas. Partiu de Portugal com a esquadra do governador-geral Duarte da Costa, tendo a missão de disseminar e fortalecer a fé católica na nova terra, em especial através da catequese dos indígenas. Cabe ressaltar que vivenciava o contexto da ocupação colonizadora portuguesa da colônia que, por sua vez, era formada por terras brasileiras. Ao longo da sua vida, ele realizou estudos na área da gramática, do teatro, da poesia, da linguística e da história.

Certo dia, Anchieta, Padre Leitão e indígenas foram enviados pelo Colégio do Rio de Janeiro para realizar uma pescaria na Lagoa de Maricá, uma região conhecida pela sua fartura de peixes. Na localidade habitavam os indígenas tupinambás. No caminho, acamparam em Itaipuí, onde Anchieta interagiu com onças, oferecendo-lhes cachos de bananas. No dia seguinte, seus companheiros descobriram que se tratava de um animal selvagem, a partir da análise das pegadas.

Conforme depoimento que consta na publicação intitulada “Homenagem a José de Anchieta”, realizada pelo Congresso Nacional (1980, p. 16), acerca da pesca miraculosa: “o Padre Pedro Leitão, nos conta que, tal como procedeu Jesus Cristo, certa feita Anchieta também abarrotou de peixes os cabazes dos pescadores de Maricá que não conseguiam pesca em face das fortes rajadas de vento sudoeste. Ouçamos a palavra dos depoentes no processo de beatificação: O reverendo Padre Pedro Leitão e Antônio Ribeiro depuseram, como testemunhas juradas, que se achavam em Maricá, aldeia muito sem recursos de víveres, quando as lufadas rijas do sudeste, acompanhadas de chuvas, reinando a muitos dias em toda costa, impedia de ir ao mar, extremamente cavado, colher o principal gênero de alimento, de que se socorriam seus habitantes. Por essa ocasião aconteceu de ali chegar o Padre José de Anchieta. Os moradores para logo se dirigiram a ele suplicando que lhes valesse em tão apertada conjuntura. Sem embargo do mau tempo e de estarem as ondas muito alterosas, o Padre José, ao ouvir tantos queixumes, exclamou, emocionado: ‘Ao mar, meus filhos, ao mar, vamos ao mar!’ / ‘Já temos tentado várias vezes inutilmente, replicavam eles: enquanto não abonançar, todos

os esforços serão baldados.’ / ‘Homem de pouca fé, diz Anchieta; por que tão pouco confiais em Deus? Vinde comigo e não temais’. Pouco tempo depois, os espinheis eram erguidos, carregadíssimos de peixes, e houve abundância na casa dos pobres.”

A passagem de José de Anchieta por Maricá contribuiu para o seu processo de beatificação e, tempos depois, de canonização, além de ser importante para a história da cidade, ajudando-nos a conhecer características sociais, culturais e religiosas do século XVI



(Acervo: Historiadora Maria Penha de Andrade e Silva)

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