Por: Elaine Nunes
Dalva Alves é a voz de uma geração que nunca desiste de recomeçar. Símbolo de resistência e inspiração, a cantora usa a música como ponte para compartilhar sua história de vida e se conectar com outras mulheres que, assim como ela, descobriram sua força em meio aos desafios.
Mãe de Fernanda Alves e Mariana Alves, a cantora é avó da Alice, de 10 anos, filha de sua primogênita, e do Noah, o neto que ainda não conhece, mas já ama de paixão, pois há sete meses está sendo gerado no ventre de sua filha caçula.
Natural do Rio de Janeiro, Dalva frequenta Maricá com a família desde 1980, como veranista, tendo se mudado para cá, em 1989. Aqui, sua relação com a música se fortaleceu.
Descoberta aos 19 anos, pelo saudoso forrozeiro Manhoso, proprietário do lendário bar “Chão de Estrelas”, deu os primeiros passos em sua trajetória musical. Logo, seu talento foi reconhecido e a jovem cantora pode escrever sua história, para além dos limites do município, interpretando vários clássicos da MPB, da Bossa Nova, do samba, do reggae, do blues, do jazz e do rock.
Iniciou então, a participação em festivais e acabou vitoriosa no Fest Valda 97, na categoria cover, interpretando a canção “Como Nossos Pais” de Belchior, com uma versão reggae, o que lhe abriu as portas para diversos trabalhos do Rio de Janeiro à São Paulo.
Foi a partir dos 50 anos que Dalva encontrou na música autoral um canal de libertação e empoderamento, após um relacionamento totalmente abusivo. Mas, ao invés de se afundar na dor de tudo que sofreu, pegou seus manuscritos, até então usados como desabafos, e escreveu canções carregadas de emoção e força. A paixão pelo rock tornou-se a base sonora de sua expressão artística, trazendo autenticidade e potência às suas composições.
O projeto “Mama Rock”, voltado especialmente para mulheres 50+, é o retrato desse momento de renascimento. Nele, a cantora celebra o poder feminino, a liberdade e a capacidade de transformar sofrimento em arte. Com letras profundas e arranjos vibrantes, suas apresentações são um convite à reflexão e à celebração da vida, provando que nunca é tarde para dar voz aos sonhos.
O trabalho foi apresentado ao público, pela primeira vez, no dia 20/12, no teatro do Centro de Esportes Unificados, na Mumbuca, com o apoio da Prefeitura de Maricá, através da Secretaria de Cultura, numa noite de celebração não apenas ao rock, mas à força e autenticidade feminina.
Repleta de mensagens de empoderamento, autonomia e amor próprio, “Mama Rock” é dedicado a mulheres que, assim como a protagonista, redescobrem sua potência e paixão pela vida.
Durante um pouco mais de uma hora de show, Dalva apresentou suas canções autorais, acompanhada por um time de primeira. São eles: Silas Júnior e Alexandre Bug nas guitarras, Raul Brito no baixo e Erick Alves na bateria.
“Muita gente acha que o rock tem idade, mas não tem. Quem gosta, gosta, seja jovem ou maduro. O “Mama Rock” é minha mensagem para as mulheres da minha geração, que através de canções que contam uma difícil passagem da minha vida, reforça a afirmação de que nunca é tarde para realizar sonhos e projetos. A música nos conecta a quem somos, independente do tempo”, explica Dalva.
Além de “Mama Rock”, que dá nome ao show, foram interpretadas as canções: “Até Quando”, “Xalalalá” e “Aquariana”, que falam de dor, cura e renascimento, trazendo uma energia vibrante e inspiradora para todas as gerações, e que já se encontram disponíveis em todas as plataformas digitais.
A noite reservou ainda uma surpresa especial. Antes do show, o público foi presenteado com o lançamento do clipe Aquariana, um convite visual para mergulhar no universo criativo da artista.
“Aquariana é uma canção que compus em 2022, após um breve relacionamento manipulador com indícios machistas que me sufocou e o desabafo foi consequência, e pra servir de conselho”, resume.






