Camelôs de volta as ruas

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Foto: Vinícius Manhães

Os camelôs estão de volta às ruas de Maricá, mas, agora, com uma estrutura adequada e respeitando o ordenamento urbano. A Secretaria de Economia Solidária instalou 116 boxes em pontos estratégicos do Centro da cidade, com o objetivo de atender uma demanda dos camelôs, que estavam insatisfeitos com o baixo movimento de clientes no galpão do Centro de Comércio Popular (Cecop).

Foto: Vinícius Manhães

A iniciativa foi uma promessa de campanha do prefeito Washington Quaquá, que sempre defendeu a necessidade dos camelôs estarem nas ruas e não confinados num espaço fechado. No final de 2024, o prefeito, em encontro realizado com os camelôs, afirmou que “lugar de vender não é escondido. Lugar de vender é onde passam as pessoas. Vamos fazer obras para readequação das calçadas das principais ruas, para ficar funcional e bonito. Assim, a população, lojistas e camelôs poderão conviver com harmonia e respeito”.

Para a população, “esbarrar” com o camelô é sempre uma oportunidade de comprar aquelas pequenas coisas que precisamos no dia a dia. É a chamada compra de oportunidade. O camelô Enderson Luiz, que trabalha com comércio ambulante desde sua infância, vê essa decisão de volta às ruas como fundamental para a categoria.

“Trabalho como camelô desde criança, quando vinha ajudar meu pai. Sou morador de Maricá desde pequeno e meu pai já trabalhava com uma barraquinha aqui no Centro. Logo depois da pandemia, nos transferiram para o galpão. Mas lá as vendas não foram boas, apesar da estrutura ser legal. Lugar de camelô é na rua, porque é aqui que a nossa clientela nos vê e lembra que precisa de uma tomada, um controle remoto, uma tira de sandália. A gente vende de tudo um pouco e temos nosso público.  Eu já trabalho aqui nesse ponto há mais de 15 anos e agora com essa estrutura dos boxes ficou muito melhor para a gente e para a população também. Está mais bonito, mais organizado e agora é só trabalhar no dia a dia”, conta Enderson.

À frente do projeto ficaram o secretário de Economia Solidária, Matheus Gaúcho, o ex-vice-prefeito da cidade, Diego Zeidan, e o vereador Casquinha.

Foto: Vinícius Manhães

“Um dos primeiros pedidos do prefeito, no início do seu mandato, foi que a nossa secretaria articulasse com os camelôs e comerciantes a volta deles para as ruas. Então começamos esse processo. Conversamos com as outras secretarias envolvidas, como a Secretaria de Posturas, Secretaria de Iluminação Pública, Secretaria de Trânsito e Somar, e já no carnaval deste ano conseguimos algumas licenças para que eles pudessem trabalhar de forma legalizada. Em julho, o contrato com o galpão onde estava instalado o Cecop se encerrou e iniciamos a transferência dos boxes para ruas. Fizemos algumas reuniões com os camelôs para definir os melhores pontos e de imediato iniciamos a instalação dos boxes em pontos estratégicos do Centro. Os 116 boxes espalhados, inicialmente, em sete pontos do Centro, são os mesmos que estavam no Cecop, agora desativado. A nossa ideia é que façamos esse processo em outros distritos da cidade, como Inoã e Itaipuaçu”, explica o secretário de Economia Solidária Matheus Gaúcho.

Foto: Vinícius Manhães

A ocupação dos boxes pelos camelôs foi feita respeitando o resultado de um sorteio, onde, por ordem, cada um escolhia o ponto em que desejava ficar, como explica o coordenador de comércio da secretaria de Economia Solidária, Britto dos Santos.

“A tinha no galpão 116 boxes e 130 camelôs interessados. Então, fizemos um grande sorteio no auditório do Banco Mumbuca, num processo muito transparente. Estamos agora com uma lista de espera, aguardando a instalação de novos boxes. Importante ressaltar que esses camelôs agora possuem um contrato com a prefeitura e são permissionários destes boxes. Assim, precisam cumprir algumas regras, para não perderem a concessão. As principais são: não pode passar o ponto; não pode alugar; não podem colocar funcionário que não seja registrado; deixar o boxe fechado por muito tempo sem justificativa aceitável… Estes são alguns exemplos de regras que, se descumpridas, fazem o camelô perder a oportunidade de trabalhar no box”, explica Britto.

Além dos boxes dos camelôs, que oferecem uma boa estrutura para eles trabalharem, sem comprometer o ordenamento urbano e as vendas das lojas, está na lista de demandas a serem atendidas pela Secretaria de Economia Solidária a criação de uma linha de crédito especial para estes pequenos empreendedores, para poderem melhorar seus negócios.

“O diálogo com os camelôs tem sido constante, com intuito de ouvir as demandas e atendê-las, sempre que possível. Existem algumas pautas que são coletivas e outras mais individualizadas. Vamos ouvindo todo mundo e buscando a melhor solução para os casos”, diz o secretário Matheus Gaúcho.

O comércio popular ambulante é a principal ocupação e fonte de renda para centenas de famílias na cidade. Estar nas ruas, por onde há grande circulação de pessoas, é condição fundamental desta profissão. Sim, profissão, porque, segundo regulamentado pela Lei Federal nº 6.586 de 1978, o vendedor ambulante é um autônomo que exerce atividade comercial em espaços públicos e possui todos os direitos trabalhistas garantidos, quando regularizado junto aos órgãos públicos competentes.