Transformar o que seria descartado em esperança. Essa é a proposta do “Tampinhas que Movem”, um projeto social e ambiental que vem mobilizando a cidade de Maricá. Através da coleta de tampinhas plásticas recicláveis e lacres de alumínio, o projeto viabiliza a compra de cadeiras de rodas, equipamentos de acessibilidade e cestas básicas para famílias em situação de vulnerabilidade.
O projeto também promove educação ambiental, reduz a quantidade de resíduos nas ruas e reforça a importância da participação coletiva em causas sociais. Com coletores espalhados por diversos pontos da cidade e até fora dela, o movimento cresce a cada dia, graças ao engajamento da comunidade e de voluntários.
Foi nesse cenário que, a jovem Maitê Coutinho, de 11 anos, entrou para o projeto e se tornou um dos seus maiores símbolos. O envolvimento começou quando sua mãe, Michelle Coutinho, de 48 anos, procurou a idealizadora do “Tampinhas que Movem” com o desejo de contribuir. Maitê se encantou imediatamente com a proposta e rapidamente abraçou a causa, ganhando o apelido carinhoso de “a menina das tampinhas”.
“Eu vi uma grande oportunidade de fazer a diferença com algo que iria para o lixo”, conta Maitê, que hoje arrecada tampinhas, mobiliza doações, participa ativamente das ações e inspira outras crianças e adolescentes a se envolverem.
“Costumamos dizer que a tia Fabrícia plantou a semente, eu estou espalhando e, juntas, o bem floresce.”
A atuação da Maitê é tão marcante que, ainda em 2025, sua história e a do projeto viraram livro: “Maitê, a menina das tampinhas”, lançado durante a FLIM (Festa Literária de Maricá). Toda a renda obtida com o livro é revertida para o projeto.
Por trás do projeto está a experiência de Fabrícia Ribeiro, 52 anos, idealizadora do “Tampinhas que Movem” e voluntária com mais de 26 anos de dedicação a causas sociais. Moradora de Maricá, Fabrícia já participou de diversos projetos de assistência e inclusão, e decidiu trazer para a cidade a ideia que conheceu no projeto carioca “One by One”, que também transforma recicláveis em cadeiras de rodas.
O impulso para atuar nessa área nasceu de sua vivência pessoal com a filha, Júlia Ribeiro, diagnosticada ainda bebê com PTI (Púrpura Trombocitopênica Imunológica Crônica), uma doença rara. Durante anos de internação no Hemorio, mãe e filha foram acolhidas por voluntários. Foi ali que Fabrícia se voluntariou pela primeira vez e nunca mais parou.
“Durante os anos de internação da minha filha, fomos acolhidas por muitos voluntários, com gestos simples, mas que significavam muito. Foi ali que me voluntariei pela primeira vez. Hoje, minha missão é lutar por inclusão e mostrar que pequenas atitudes coletivas podem transformar vidas”, conta Fabrícia.
Além de seu impacto direto na vida de pessoas com deficiência e famílias em vulnerabilidade, a iniciativa também contribui para a limpeza urbana e a conscientização ambiental.
Com a ajuda da comunidade e o protagonismo de jovens como Maitê e sua mãe, Michelle, o projeto se fortalece e se espalha. Hoje, os resíduos recolhidos são separados e enviados para reciclagem e o valor arrecadado utilizado em ações concretas de acessibilidade.
A renda obtida com a venda viabiliza cadeiras de rodas adaptadas (como o modelo TILT, que exige entre 2.500 a 3.000 kg de tampinhas ou 600 kg de lacres), além de apoio a famílias vulneráveis.
Atualmente, o projeto conta com uma fila de espera de aproximadamente sete pessoas em Maricá, que aguardam doações de cadeiras de rodas, esse número vai aumentando a cada dia, o que reforça a urgência da participação da comunidade.
“É muito legal! Saber que cada tampinha pode se transformar em algo importante para a vida de alguém me deixa feliz. Está sendo um movimento lindo!”, comemora Maitê.
Como ajudar o projeto “Tampinhas que Movem”?
Você pode contribuir doando tampinhas plásticas recicláveis (como tampas de requeijão, amaciantes, refrigerantes, tampinhas de produtos de higiene e limpeza) e lacres de alumínio.
Os pontos de coleta estão disponíveis no Instagram oficial:
@tampinhasquemovem
Para saber outras formas de ajudar, entre em contato através dos telefones da equipe do projeto.
• Fabrícia Ribeiro – (21) 98796-5921
• Michelle Coutinho – (21) 97034-9422
“Um mundo verdadeiramente inclusivo é aquele em que cada diferença se transforma em ponte, e não em barreira.” — Fabrícia Ribeiro
