Pesquisa Ibope sobre a Covid-19 põe em evidência um país dividido

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Dia quente de praias lotadas, esse foi o cenário do domingo de sol no Rio de Janeiro. Em Maricá não foi diferente, nem mesmo as barreiras sanitárias foram capazes de conter as aglomerações nesse dia quente no estado.

Mesmo com as restrições ainda em vigor, boa parte da população não está respeitando as recomendações dos órgãos competentes e age como se não houvesse mais pandemia.

O cenário político nacional partido influencia a avaliação dos brasileiros sobre o impacto da pandemia. Uma pesquisa do Ibope encomendada pelo Globo revela que 71% dos usuários de internet do país concordam que o impacto da Covid-19 foi maior do que o esperado. Quando se aponta o culpado, porém, as opiniões se dividem: para 38% dos entrevistados, o povo é o maior culpado pela situação, enquanto para outros 33%, o grande responsável é o presidente da República.

Ao separar os entrevistados por preferência política, o acirramento fica claro. Entre os que se declaram de direita, 8% veem Jair Bolsonaro como principal responsável pelo agravamento da epidemia, enquanto 45% põem maior carga de culpa na população. No universo de esquerda, 78% responsabilizam o presidente, enquanto apenas 15% apontam para o povo.

A pesquisa, que ouviu 2.626 adultos, restringiu-se ao universo das classes A, B e C. As respostas foram colhidas pelo painel de internautas do Ibope Inteligência, entre 21 e 31 de agosto, em todas as regiões do país. A amostragem representa cerca de 70% da população.

A diferença de opinião sobre a pandemia entre diferentes grupos ideológicos permeia toda a pesquisa. O grupo mais associado à esquerda percebe um impacto mais intenso da pandemia, e ligado à ação do governo federal. Este grupo acredita mais na valorização da ciência à medida que esta guia a resposta à crise imposta pela Covid-19.

— A gente já está vivendo há algum tempo essa polarização, essa radicalização de ideias, e a pandemia entrou nessa toada — afirma Márcia Cavallari Nunes, CEO do Ibope Inteligência.

— Os debates que a gente tem observado são coisas como a defesa do distanciamento social ou não, a defesa do uso de uma dada medicação contra Covid-19 ou não, tomar a vacina ou não — completa.

Nem a ciência escapa

Uma leitura dos resultados da pesquisa sugere que a estratégia de rachar a opinião do eleitorado e manter trincheiras para conquistar território, está funcionando. O presidente Bolsonaro, que se voltou contra medidas de distanciamento social no início da pandemia e insistiu na promoção de drogas sem eficácia comprovada, como a hidroxicloroquina, parece contar com a base de apoio de cerca de 30%, que exibe em outras pesquisas de opinião.

Sua taxa de culpabilidade na pesquisa do Ibope é alta, mas ainda longe de ser majoritária e menor que a taxa de culpa que os entrevistados atribuíram à própria população.

Entre aqueles que se descreveram como sendo de direita, houve uma expectativa menor de que a ciência saia mais valorizada da pandemia, o que pode ser um reflexo do acirramento entre o presidente e a comunidade acadêmica do Brasil.

— Não sei se havia alguma esperança de que nesse assunto não fosse observada tanta polarização, mas o fato é que tudo o que a gente está vivendo nos últimos tempos tem essa polarização — diz Márcia Nunes.

Na pesquisa, o grupo que se autodenominou como de centro foi o maior, com 28%. A direita representou 24%, e a esquerda 16%. Parcela grande, porém, não pôde ser encaixada nesse cenário, porque 8% disseram não saber onde se encaixariam no espectro político, e 7% disseram não saber bem o que é ser de direita ou de esquerda. Outros 17% não responderam.Fonte: Jornal ExtraFotos: Nelia Nido Santos/ reprodução redes sociais

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