Grife se une a cooperativa oferecendo perspectiva diferente daquela de antigamente em Maricá

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Um novo modelo de negócio, unindo o lucro e o trabalho social, vem se tornando o caminho para o empoderamento de diversas famílias de Maricá. A parceria entre a marca de roupas Favela e a cooperativa Ubuntu, ambas com raízes na cidade, incentiva a criação de atividade econômica voltada para pessoas de baixa renda e em vulnerabilidade social, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico do município.

A marca Favela surgiu em dezembro de 2019 e tem como sócios todos os funcionários da cooperativa Ubuntu, que recebem parte do capital social das vendas. De acordo com o criador, Diego Zeidan – filho do ex-prefeito de Maricá, o Quaquá, e da deputada estadual Rosângela Zeidan -, além de gerar emprego e renda, a Favela pretende estimular o debate sobre uma economia socialmente engajada.

 “A ideia é fazer o contrário da apropriação financeira que explora o pequeno produtor, quem não tem renda e concentra os lucros nas mãos de poucas pessoas. A nossa ideia foi criar uma marca que use a renda arrecadada para transferir ao trabalho de base, ou seja, para as costureiras e cooperativas de comunidades. Uma marca que tenha condições financeiras de existir e que possa sustentar mais famílias do que uma grife com um único dono poderia fazer”, explica Diego.

No Carnaval deste ano, a marca fez uma parceria com a escola de samba Estação Primeira de Mangueira, com peças confeccionadas por profissionais da comunidade da Zona Norte do Rio, que também receberam o lucro pelas vendas. Por conta da pandemia de covid-19, a empresa não chegou a montar um núcleo para a confecção de novas coleções no local.

Segundo Zeidan, a expectativa é levar a Favela para todas as comunidades do Rio em 2021. As comunidades do Caramujo, em Niterói, Mangueira, e Rocinha, na Zona Sul do Rio serão as primeiras a receber o projeto, pelas previsões.

“Subindo os morros do Rio de Janeiro, Niterói, São Gonçalo e Maricá surgem as conversas com os moradores para conhecer suas histórias, becos, ladeiras, gírias, música, coração. A Favela encontrou um grupo de artistas e profissionais que querem se fortalecer”, diz a presidente da Cooperativa Ubuntu, Viviane Martins.

A pandemia causou o fechamento da loja de Ipanema, na Zona Sul carioca, mas a marca continua com vendas online, por meio do site lojafavela.com.br. No dia 1º de outubro, a parceria entre a Favela e a Ubuntu vai lançar a coleção “Maricá é meu país!”, inspirada na frase da cantora Maysa: “Só fui feliz em Maricá”.

Humanidade para os outros, lucro para todos

Nascida em 2017, a partir da junção de várias alunas do curso de confecção industrial do Senac de Maricá, a cooperativa Ubuntu colocou em prática o sonho coletivo de mudança e empoderamento, gerando emprego e renda para cerca de 40 maricaenses. Desde seu início, o objetivo tem sido colocar em prática o fator “Favela Power”.

Ubuntu é originário da língua Zulu, da região do Sul da África, e significa “humanidade”, mas é geralmente traduzido como “humanidade para os outros.” Para o serígrafo Filipe Pio, de 29 anos, poder ser dono do próprio trabalho o motiva a crescer.

“Sempre trabalhei de carteira assinada para muitas vezes conseguir só o básico. Quando não se é herdeiro de alguém, não é fácil construir algo. Não fomos ensinados a sonhar. Através da cooperativa vi que o trabalho não precisa ser escravo ou doloroso”.

“Uma pessoa é uma pessoa através de outras pessoas. União de pessoas com objetivos comuns valorizando o individual de cada um. Tenho mais visibilidade, mais conhecimento, e fazendo um bom trabalho vem a valorização profissional e pessoal. É prazeroso, gratificante e lucrativo. Para mim, o casamento perfeito”, reforça a costureira da Ubuntu, Belizete Bernardo, de 61 anos.

“Mudou a forma como eu enxergava as coisas, abriu meus horizontes. Me empoderei e assim produzo melhor. Minha renda aumentou em 15%, o que numa época de recessão é luxo. Nós estamos começando, mas com gás para conquistar o mundo, a partir de Maricá”, vibra a serígrafa Andréa Rêgo, de 49 anos.

Fonte: Jornal O Dia/ Caderno Niterói & região

Fotos: divulgação

Reportagem da estagiária Rachel Siston, sob supervisão de Mônica Riani

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