O antropólogo, historiador, sociólogo, escritor e político Darcy Ribeiro, apesar de ter nascido em Minas Gerais tem uma grande história com a cidade de Maricá. A cidade conhecida por seus atrativos turísticos, serviu como forma de recanto para o antropólogo nos últimos anos de sua vida. Foi na cidade que ele concluiu a obra: “O Povo Brasileiro – A Formação e o Sentido do Brasil”.
O livro foi escrito ao longo de 30 anos, enquanto Darcy trabalhava em outros tantos projetos políticos, administrativos e acadêmicos. Enfrentando a segunda crise do câncer, no ano de 1995, Darcy fugiu de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e foi para a sua casa de praia, no litoral maricaense, onde finalizou a publicação, que começou a ser escrita ainda no exílio, primeiramente no Uruguai, logo depois do golpe de 1964, angustiado pela pergunta: por que o Brasil ainda não deu certo? E foi interrompida diversas vezes, mesmo depois do retorno ao Brasil, para atender ao chamado de outras tarefas. A última e terceira versão, escrita em Maricá, foi publicada pela Companhia das letras.
O episódio ficou imortalizado na letra de “A cara do Brasil”, (…)O Brasil é um caboclo sem dinheiroprocurando o doutor nalgum lugarou será o professor Darcy Ribeiroque fugiu do hospital pra se tratar?(…)A cidade em homenagem ao antropólogo possui escolas com seu nome além de um instituto e sua casa será transformada em Museu.
Casa Darcy Ribeiro
Projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, a casa está localizada no bairro de Cordeirinho, atualmente o imóvel foi transformado no Centro Cultural Casa Darcy Ribeiro, com o objetivo de manter viva a memória e obra do antropólogo.A residência conta com 11 cômodos, em formato côncavo e com paredes em curvas, similares a uma oca, uma referência aos povos indígenas, admirados por Darcy Ribeiro. Na entrada principal, há uma estátua de bronze do antropólogo posicionada de frente à praia, em alusão à sua paixão pela Praia de Cordeirinho.
Museu
A casa do antropólogo passa por revitalização e será transformada em casa-museu e museu digital. As obras incluem um anexo no terreno ao lado, com auditório, biblioteca e cafeteria. O interior da casa, erguida há cerca de 30 anos, irá receber painéis digitais onde poderão ser vistas a vida e a obra do antropólogo, historiador, sociólogo, escritor e político, que viveu no local parte de seus últimos dias.
Está prevista também a implantação de acessibilidade na construção e um deck (plataforma de tábuas), interligando a casa com a futura Praça da Utopia e com outra casa-museu na rua ao lado, da sambista Beth Carvalho, cujo projeto está em elaboração.O presidente da Codemar, Olavo Noleto, disse que a revitalização da casa vai consolidar Maricá como um lugar no mundo a ser visitado.
“Esse espaço vai sediar a história e o espírito desse homem, que nos deixou o legado de uma das maiores obras já escritas no Brasil. Para nós, é um grande orgulho fazer parte dessa história. Com as outras casas-museu que estão a caminho, como as de Beth Carvalho e de Maysa, Maricá vai se transformar em grande museu a céu aberto”.
A Casa de Darcy Ribeiro integra o conjunto de ações que visam a resgatar o valor da cultura deixada por personalidades que frequentaram a cidade, como Beth Carvalho, o jornalista João Saldanha e a cantora Maysa, além do próprio antropólogo.
“É muito importante deixar vivo esse legado. Aqui, vamos ter muita interatividade para atrair cada vez mais pessoas, que virão conhecer e se inspirar no seu exemplo”, afirmou o prefeito de Maricá, Fabiano Horta.
Centenário de Darcy Ribeiro
Em 2022, comemoramos o centenário do educador, que nasceu em 26 de outubro de 1922.A Prefeitura de Maricá celebrou o centenário de Darcy Ribeiro, um de seus moradores mais ilustres, com a edição da Biblioteca Básica Brasileira em audiolivro, além do formato digital, disponibilizado em site do Instituto Darcy Ribeiro (IDR), numa parceria com a Fundação Darcy Ribeiro (Fundar). A coleção com 50 livros foi organizada pelo próprio Darcy, em 1961, com obras consideradas por ele essenciais para conhecer o Brasil. Teve ainda o lançamento do livro “Darcy Ribeiro em Maricá, a utopia é aqui”, que conta a história da casa em que Darcy morou em Cordeirinho. A obra, com curadoria do artista plástico e designer Gringo Cardia foi produzida com apoio da Prefeitura para marcar o início das celebrações pelo centenário do antropólogo e educador, cuja trajetória também inspira projetos sociais no município.