Projeto da Prefeitura que capta água do rio Tanguá vai regularizar distribuição em Maricá

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A Prefeitura de Maricá reforça sua preocupação com a sustentabilidade detalhando um projeto essencial para o crescimento da cidade. Com uma grande extensão territorial (são 362 km², onde cabem Niterói e São Gonçalo juntos), o município tem ainda uma precária cobertura de abastecimento de água dadas às suas dimensões e a dificuldades de captação e distribuição. Cerca de 40% da população é atendida pela rede da Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae), distribuidora que detém o contrato com a cidade. Além de inibir a implantação de projetos e empresas, a carestia pesa no bolso dos moradores, que em determinadas épocas do ano chegam a pagar até R$ 250 por um caminhão-pipa.
A solução para esse gargalo de infraestrutura já está em andamento. A Prefeitura de Maricá vai construir com a Cedae, com recursos próprios, uma barragem no Rio Tanguá. Orçada em torno de R$ 250 milhões, a implantação vai permitir o abastecimento hídrico para todo o município, por pelo menos os próximos 20 anos. A expectativa é que o projeto fique pronto em 2 anos de meio. A barragem será feita em um local identificado pelos técnicos como ideal, na divisa entre os municípios de Rio Bonito e Tanguá, para a formação de um lago com uma área de 500 hectares. A partir desta formação, haverá condições de produzir uma vazão na ordem de 800 litros por segundo, dos quais 500 litros/segundo serão destinados para Maricá e o restante irá para a cidade de Tanguá.

O sistema vai funcionar com adutoras a partir do reservatório. As tubulações serão subterrâneas e terão 23km de extensão até Maricá. Ao chegar na cidade, uma parte da água será direcionada para a Estação de Tratamento de Água (ETA), já existente no Flamengo, que tem capacidade de operação de 120 litros por segundo. Outra parte será destinada para uma nova ETA, ainda sem local definido a ser construída, com capacidade de tratar 400 litros por segundo.

Segundo o coordenador de saneamento da Secretaria de Urbanismo, Irinaldo Cabral, a ideia surgiu para suprir a necessidade de atender a região central do município, abastecida pelo Rio Ubatiba. Porém o crescimento da cidade foi maior do que a capacidade de fornecimento do rio. Uma parte de Itaipuaçu e de Inoã já é beneficiada por tubulações ligadas ao sistema Imunana-Laranjal, operado pela Cedae.

“O Rio Ubatiba é um rio que nasce e deságua no próprio município de Maricá, e com isso tem uma produção muito variada. Em épocas de chuvas fortes tem uma produção razoável, mas em época de menos chuvas tem-se uma produção de água muito pequena. Como aqui é uma região que chove pouco, a população fica muito dependente desse manancial. A construção do sistema de Tanguá com certeza vai fazer com que a distribuição de água para o Centro se estabilize”, assegura Irinaldo.

O secretário de Planejamento, Orçamento e Gestão, Leonardo Alves, acrescenta que, por ter relevo favorável e ser uma região que chove bastante, o local escolhido tem boas condições de operar por gravidade, diminuindo o orçamento do projeto. “De uma certa forma o nosso custo da obra é mais baixo do que se fosse fazer por bombeamento. Construímos a barragem, abrimos o tubo e a água desce com pressão por conta da gravidade. Então, necessariamente não precisamos colocar um equipamento mais avançado para bombear a água”, explicou o secretário, acrescentando que o projeto executivo já foi licitado e a previsão é que a empresa ganhadora o entregue dentro do prazo de 6 meses.

“Começamos a ter uma interlocução com a Cedae há cerca de 1 ano e 5 meses na tentativa de se chegar a um acordo com a empresa. Depois desse acordo assinado e repactuado, começaremos a trabalhar muito fortemente na área de saneamento e esgoto. Esse será um dos grandes trabalhos futuros, mas no momento o principal é essa questão de suprir Maricá com abastecimento de água”, afirmou o secretário de Urbanismo, Adyr Ferreira da Motta Filho.

A sustentabilidade do projeto tem relação direta com a questão do saneamento. Isso porque, em paralelo à obra da barragem do rio Tanguá, será construída, pelo município, uma rede de saneamento de esgoto, com duas Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs): uma em Itaipuaçu e outra na Mumbuca. “Vamos ter uma empresa de saneamento que está sendo criada, e a partir daí, faremos projetos, estação de tratamento, trabalho de Tomada de Tempo Seco (TTS) nos rios e nos canais da cidade. Teremos ainda uma grande estação de tratamento em Itaipuaçu. O futuro é assumirmos essa competência de atuar na área de esgoto e vamos caminhar paralelamente com o projeto da água”, garantiu o secretário de Urbanismo.

Também de olho na sustentabilidade da cidade, um dos serviços realizados será o Sistema de Tomada de Tempo Seco, que consiste em um barramento de pequenas proporções. A tecnologia impede que o esgoto difuso seja lançado in natura nas galerias de águas pluviais ou cinturão de galerias pluviais, possibilitando o tratamento dos canais de Mumbuca e do Centro, que são os maiores poluidores da lagoa. Com esse sistema, o nível do tratamento denominado terciário deve chegar a 95%. Dessa forma, há uma estimativa de reduzir em 60% a poluição nestas galerias.

“Num primeiro momento nós vamos construir as galerias de cinturão para proteger as lagoas”, disse o coordenador de saneamento da Secretaria de Urbanismo, explicando como funciona o sistema de Tomada de Tempo Seco. “É chamada captação em Tempo Seco porque a maior parte do ano não chove, e com isso nós protegeremos a lagoa em mais 80% no período de um ano, por exemplo. A água que vai passar pela lagoa só passa de forma que o esgoto seja diluído e não concentrado como ocorre atualmente”, esclareceu Irinaldo Cabral.

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Fotos: Clarildo Menezes

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