Contemplado pelo Prêmio Funarte para Circulação de Espetáculos Circenses 2018, o espetáculo Ausências será apresentado na próxima quinta-feira (25), às 15h no Cine Teatro Municipal Henfil. O espetáculo traz elementos circenses bem característicos, como o humor e o virtuosismo da acrobacia, além da forte influência do drama existencial, presente no Teatro do Absurdo. Para a Trupe Zarpando, a estética do Teatro do Absurdo conduz os atores para uma relação com o silêncio e com os próprios corpos e objetos de modo, por vezes, minimalista. A presença marcante no palco faz um contraponto, propondo ao público uma reflexão sobre a ausência.
A peça é fruto da pesquisa do brasileiro Julio Nascimento e da argentina Maria Celeste Mendozi. Os dois se conheceram em 2012, trabalhando na Intrépida Trupe. A direção e a dramaturgia são de Fabio Freitas, do Teatro de Anônimo — fundamentado na cultura popular e na cultura do circo. O elenco busca envolver o público na trama por meio da curiosidade; assim, vai embarcá-lo na viagem sensorial proposta pelo jogo cênico e desembarcá-lo na reflexão sobre aspectos contemporâneos, segundo Julio Nascimento. E segue afirmando que a inspiração para a criação apontou para o Teatro do Absurdo e para a peça Esperando Godot, de Samuel Beckett. Também aponta para a sintonia automática com o dramaturgo Fabio de Freitas. “Quando ele chegou, apresentamos nosso trabalho sem dizer nada, para não contaminar o pensamento dele. E aí vimos que estávamos na mesma sintonia. Falar de ausência é questionar sobre nossas ações no cotidiano, é uma linha indireta de provocações sobre nosso estar na sociedade, no próprio corpo”, ressalta Julio.
Para o diretor Fabio Freitas, o espectador faz uma viagem única em cada apresentação, e experimenta o gosto da ausência em todas elas. “Uma pergunta que sempre nos instigou durante o processo foi a seguinte: para onde a gente vai quando não está aqui, quando a gente se ausenta? Trazer a ausência para a cena é experimentar a sensação de se ausentar, de provocar a plateia nessa relação de tempo e de espaço, sejam eles reais ou imaginários. O desafio é pegar o espectador pela mão numa viagem onde muita provocação pode acontecer. Ele volta em segurança, mas bagunçado”, explica o diretor. Maria Celeste Mendozi afirma que Ausências é um espetáculo provocador para quem está assistindo. “O riso pode vir a favor da cena cômica, mas também pode aparecer como riso de nervoso, em lugares inesperados. Vivemos num momento difícil de crise, de transformações abruptas e de incertezas. E a ausência impõe muitas reflexões”, resume Mendozi.
O Cine Teatro Municipal Henfil fica na Rua Alferes Gomes, 390, Centro, Maricá. O espetáculo tem duração de 1h e a classificação indicativa: livre.
Foto: Fernando Silva
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