Em homenagem ao Dia da Consciência Negra, comemorado no dia 20/11, foi realizado o “Encontro de Negras e Negros – Empreendedores Afro – Conversando a gente se entende”, no último sábado (24/11), na Praça Orlando de Barros Pimentel, no Centro. Diversas atividades como capoeira, maculele, jongo, samba de roda, hip hop, desfile afro, mostra de artes e cultura afro e debates foram desenvolvidas numa iniciativa da Prefeitura, através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Comércio e Petróleo, em parceria a Unegro de Maricá (União de Negros pela Igualdade).
Após um café da manhã colonial, foi realizada a mesa de debate sobre conjuntura política com o secretário de Desenvolvimento, Comércio e Petróleo, Alan Alves, o professor da Universidade Federal Fluminense, Sílvio Lima e a diretora estadual da Unegros e diretora da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Mônica Custódio. “Com as grandes navegações e descobrimentos, os africanos foram arrancados de seus lares para serem escravizados. Sendo que o Brasil foi o último país a sair do sistema escravagista. E isso dura até os dias de hoje. As relações sociais e de trabalho, com elevação do desemprego, aumentam singularmente a marginalização da população negra”, afirmou Mônica.
Para o secretário de Desenvolvimento, Comércio e Petróleo, Alan Alves, é fundamental o fortalecimento da cultura e dos valores negros para promover formas de inserção da população negra no mundo empresarial. “Temos que dialogar com a população a respeito da história e da cultura negra, além de fomentar o empreendedorismo afro no município sempre buscando o fortalecimento dos direitos humanos e o respeito à identidade negra”, declarou.
Em seguida, o debate abordou o tema “Empoderamento Afro”, com a estilista Marisa Ferreira, com o criador da grife Brasil Zulu, Paulo Porto, e com a modelo e maquiadora Rafaela Costa. Para Paulo, é necessário criar mais espaços para a valorização da cultura negra. “Comecei num universo predominantemente feminino e estou conseguindo meu espaço. Nunca foi fácil. Sempre me encantei com a face negra africana e é isso que busco explorar nos tecidos, cores e cortes das minhas peças”, ressaltou. Já a modelo Rafaela admitiu o quanto era complicado encontrar produtos que fossem adequados à sua pele. “As profissionais queriam usar uma maquiagem que não era para o tom da minha pele. Por isso, busquei me profissionalizar para que minha identidade fosse mantida. Isso não é questão de moda. É o meu cabelo, minhas tradições, minha cultura e tem que ser valorizado e respeitado”, destacou.
O presidente da União de Negros Pela Igualdade (Unegro) em Maricá, Ricardo Teixeira, destacou a necessidade de discutir o papel do negro na sociedade brasileira por meio da sua cultura e do empreendedorismo afro. “Temos que conscientizar a população não apenas no mês da consciência negra, mas durante o ano todo. E a luta não é apenas dos negros, é de todos. É de respeito, de buscar a valorização do papel do negro na sociedade brasileira, de construir consciência de classe, identidade, pertencimento de valores históricos da população negra e do povo brasileiro”, declarou.
Fotos: Elsson Campos
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