Formados os primeiros médicos pelo programa “Passaporte Universitário”

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Por: Elaine Nunes

Maricá está em festa, comemorando novos frutos do Passaporte Universitário. No dia 23/06, foi realizada pela Secretaria de Educação, a formatura da primeira turma de Medicina do programa, que foi lançado em 2019, com objetivo de garantir o acesso à educação de qualidade e promover inclusão social por meio da formação profissional. 

A solenidade aconteceu no salão nobre do Clube Comary, em Teresópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, reunindo 91 alunos do Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso). Destes, 31 eram bolsistas do programa municipal.

Vale lembrar que, desde sua criação, milhares de estudantes foram beneficiados com bolsas de estudo integrais, conquistando assim, o direito de cursar o terceiro grau em instituições privadas credenciadas, onde garantiram o diploma em diversos cursos nas áreas de Saúde, Humanas, Exatas e Tecnológicas. 

“É muito gratificante falar do Passaporte Universitário, uma das mais importantes políticas públicas de inclusão educacional já implementadas em nossa cidade. Criado com o propósito de garantir acesso ao ensino superior para aqueles que mais precisam, o programa é a materialização do nosso compromisso com a educação como instrumento de transformação social real e duradoura. Ele não apenas abre portas, mas constrói futuros. Entre tantas histórias que o Passaporte já ajudou a escrever, uma das mais emocionantes é a formatura da primeira turma de Medicina, financiada integralmente pelo município. São jovens que superaram obstáculos imensos e agora retornam à cidade como médicos formados, prontos para cuidar das pessoas com empatia, pertencimento e responsabilidade. Um marco que representa o impacto profundo que essa política tem na vida de quem sonha, mas nunca teve as mesmas oportunidades”, explicou o secretário de Educação, Rodrigo Moura. 

De acordo com ele, mais do que bolsas de estudo, o Passaporte Universitário representa um projeto de cidade. “Uma Maricá que aposta em gente, que acredita no poder da educação para promover justiça social e que não mede esforços para garantir que ninguém seja deixado para trás. Esse é o nosso caminho, e não vamos parar de avançar”, frisou o secretário, que também é professor.

Idealizadora do programa, na época em que comandava a Secretaria de Educação, a vereadora Adriana Costa também falou sobre o impacto do investimento público na vida dos moradores. “Uma semente foi plantada e regada com muito cuidado. Hoje, estamos colhendo os frutos de uma das profissões mais difíceis e caras de se cursar. O Passaporte Universitário veio para democratizar o acesso ao ensino superior e permitir que a população mais carente também possa sonhar alto”, afirmou.

A oportunidade de fazer parte do programa, transformou a vida de Danielle Azeredo Figueiredo, de 43 anos, que mora em Inoã. Ser médica sempre foi seu maior objetivo de vida. Não conseguia se enxergar realizada em nenhuma outra profissão. Mas quando alcançou a idade que precisava para cursar o vestibular, as coisas eram muito difíceis. Além de ser um vestibular para cada faculdade pública, as particulares eram inacessíveis para sua família. 

“Meu pai, Venilton Azeredo, era dono de um bar simples na cidade. Minha mãe, recepcionista numa clínica médica. Éramos três filhos, então pagar um pré-vestibular caro não era uma opção. Acabei não fazendo. A vida passou, eu tive filhos, e esse sonho foi ficando cada vez mais longe. Aos 30 anos, voltei a estudar e consegui passar para biomedicina. Era o mais perto que eu poderia chegar. Me formei e fiz pós graduação em hemoterapia no HEMORIO, nos finais de semana, pois durante a semana, precisava trabalhar. Um dia, lá na pós, no intervalo, eu vi a postagem do Passaporte Universitário e fiquei paralisada, sem acreditar que aquilo poderia ser real. Nem o valor da inscrição, que era de R$ 800, eu tinha para fazer na época. Mas utilizei o cheque especial, me tranquei no quarto estudando por um mês, dia e noite, para fazer o vestibular. Passei, para honra e glória do nome do Senhor Jesus! Tão difícil quanto passar, foi me manter estudando, mas hoje só tenho a agradecer e me sinto cada dia mais realizada em poder mudar a vida de tantas mulheres, mães, e principalmente, por várias mensagens que recebi ao longo desse tempo dizendo que eu era a inspiração de algumas pessoas”, contou Danielle, que é casada e mãe de quatro meninos lindos.