O Brasil assiste a um movimento crescente de mulheres à frente de negócios nos últimos anos. Em meio a desafios estruturais e desigualdades históricas, surgem iniciativas que oferecem acolhimento, capacitação e incentivo ao empreendedorismo feminino. Uma dessas iniciativas é o Instituto Colmeia, um coletivo fundado em Maricá (RJ), que tem se tornado referência em apoio e desenvolvimento para mulheres empreendedoras.
Fundado em 2018, o Instituto Colmeia surgiu com o propósito de unir mulheres empreendedoras em uma rede de apoio, aprendizado e visibilidade, promovendo a troca de experiências e fortalecendo o empreendedorismo feminino. O Instituto foi idealizado por Thaisa Muniz, de 42 anos, consultora e treinadora especializada em empreendedorismo feminino, que, ao vivenciar as dificuldades do pós-parto e buscar formas de resgatar sua identidade profissional e pessoal, percebeu a necessidade de criar um espaço acolhedor para outras mulheres. Após dar à luz, em meio ao puerpério, Thaisa buscava formas de se reinventar, tanto como mulher quanto como profissional. Com a ajuda de sua irmã, foi organizado o primeiro encontro, de forma simples, um café com apenas oito mulheres, todas com histórias de desafios em comum.
A partir desse momento, a ideia de um coletivo surgiu, onde foi criado um grupo de WhatsApp com o intuito de “comprarmos umas das outras”, ou seja, criar uma rede de apoio onde todas pudessem se fortalecer, aprender juntas e alcançar a emancipação financeira. O nome COLMEIA reflete esse propósito: Coletivo de Mulheres Empreendedoras de Itaipuaçu e Adjacências, uma rede colaborativa onde cada mulher contribui para o sucesso da outra. Assim, o Instituto se tornou um dos principais espaços de acolhimento e empreendedorismo feminino na região.
A Rede Colmeia impactou a vida de aproximadamente 9 mil mulheres, com feiras de negócios, oficinas de capacitação, eventos de exposição de produtos e ações de marketing para garantir a visibilidade dos negócios. Hoje, o Instituto conta com aproximadamente 320 associadas, sendo que 90% delas são de Maricá, mas há participantes de diversas regiões do estado do Rio de Janeiro e até fora do país.








Em junho de 2025, ao completar sete anos de existência, o Instituto inaugurou sua primeira loja modelo, localizada na Avenida Carlos Mariguela, Quadra 33, Loja 108, São Bento, Itaipuaçu. O espaço foi criado com o objetivo de proporcionar um ponto de venda físico para que as empreendedoras possam expor e comercializar seus produtos. A loja modelo também simboliza um novo estágio para o Instituto, que continua crescendo e consolidando sua missão de fortalecer mulheres no empreendedorismo.
















Thaisa, idealizadora do projeto, enfatiza o papel do coletivo:
“Sou uma mulher comum que queria me resgatar como mulher em um momento difícil da minha vida. Queria me salvar e percebi que, depois daquela reunião com apenas oito mulheres, elas também estavam se sentindo salvas. Eram uma salvando a outra, uma cuidando da outra. Nascia ali a Colmeia. E quero que, depois dessa loja modelo, nasçam mais lojas, mais espaços para abrigar essas mulheres.”

A mudança que o Instituto Colmeia proporciona é visível nas histórias de suas associadas, que passaram a enxergar o empreendedorismo como uma oportunidade de mudança de vida e de conquista financeira. Histórias de mulheres como Mônica França, Liliane Ezequiel da Silva, Luciana Lopes e Betânia Serafim Silva Domingues Ottaviano ilustram o impacto positivo do Instituto na vida dessas participantes.
Mônica França, artesã e artista plástica, entrou para o coletivo após o período da pandemia. Para ela, o apoio da Colmeia tem sido essencial, não apenas para o sucesso no seu negócio de artesanato, mas também para sua transformação pessoal.
“Aqui, temos o apoio de mulheres que passam pelas mesmas dificuldades que a gente. O artesanato faz a gente olhar o mundo com outros olhos”, afirma Mônica, que agora se dedica integralmente ao seu trabalho artesanal.
Liliane Ezequiel da Silva, de 52 anos, moradora de Niterói, também encontrou no Instituto Colmeia o impulso necessário para reinventar sua vida profissional.
“A Colmeia me fez perceber que eu posso muito mais. Quero viver do meu artesanato”, afirma Liliane, que ainda trabalha em regime CLT, mas está cada vez mais próxima de fazer do empreendedorismo sua principal atividade.
Luciana Lopes, de 54 anos, moradora de São Gonçalo, decidiu deixar seu emprego formal em 2024 para apostar no empreendedorismo, com o apoio do Instituto.
“A Colmeia representa liberdade e independência. Me oferece suporte intelectual para administrar meu negócio e participar de feiras. Hoje, vivo do que amo fazer”, destaca Luciana, que agora se dedica ao negócio de bijuterias artesanais.
Betânia Serafim Silva Domingues Ottaviano, 49 anos, empresária da loja Betânia Serafim Acessórios, compartilha sua experiência no movimento:
“No primeiro momento, quando eu conheci a Colmeia, logo no início, eu achei vibrante a troca que existe entre as mulheres, de mostrar que você não precisava estar sozinha, que a experiência de uma podia facilitar a jornada das outras. A necessidade de estarmos juntas, buscando capacitação para melhorar nossos negócios, me encantou. Mas, no começo, não me senti tão importante quantos as participantes do ramo de artesanato, e eu já tinha uma loja de semijoias. Até que um dia sentei com a Thaisa e compartilhei como me sentia. Ela me ouviu e entendeu meu ponto de vista, e essa troca com ela foi fundamental para me sentir acolhida e continuar na Colmeia. A proposta da loja modelo, me atraiu bastante, pois as mesmas oportunidades são dadas para todas, me sinto muito segura em fazer parte desse movimento. A Colmeia é essencial para quem está caminhando e não quer se sentir sozinha. A luta de uma é a luta da outra. E sempre que precisamos de uma força, a Thaisa organiza reuniões, palestras e busca cursos de capacitação, nos ajudando a crescer.” Pontua Betânia.
A Rede Colmeia oferece capacitação técnica e apoio emocional por meio de sua rede de sororidade, contribuindo para que mulheres se destaquem no mercado de trabalho.
O empreendedorismo feminino como resposta ao desemprego
A trajetória da Rede Colmeia mostra que o empreendedorismo feminino é uma resposta direta ao desemprego e à desigualdade de gênero no Brasil. Em um país onde, mesmo com avanços, as mulheres ainda são as mais afetadas pela falta de trabalho formal, iniciativas como a do instituto Colmeia oferecem alternativas econômicas, acolhimento, empatia e fortalecimento coletivo.
Embora o Brasil tenha registrado, no primeiro trimestre de 2025, a menor taxa de desemprego da série histórica, com 7% da população fora do mercado de trabalho (segundo dados da PNAD Contínua, IBGE), as mulheres continuam sendo as mais afetadas pelo desemprego. Apesar de a taxa geral de desemprego ter caído, os dados revelam uma recuperação desigual, onde as mulheres ainda enfrentam grandes barreiras para retornar ou ingressar no mercado de trabalho formal. A falta de oportunidades e a escassez de políticas públicas eficazes para as mulheres são obstáculos que persistem.
Segundo dados do Sebrae, o número de mulheres empreendedoras aumentou 38% entre 2020 e 2025, revelando um protagonismo cada vez mais forte no cenário empresarial. Este aumento reflete a busca das mulheres por autonomia econômica e emancipação, especialmente após os desafios impostos pela pandemia de Covid-19, que afetou de forma desigual a população feminina.
Com uma presença crescente no mercado, segundo o Sebrae, as mulheres já representam 48% dos empreendedores no Brasil. No entanto, o caminho para o sucesso empreendedor ainda é repleto de desafios, como a desigualdade no acesso ao crédito, a sobrecarga de tarefas domésticas e a disparidade salarial. Mesmo com maior escolaridade e presença crescente no mercado de trabalho, o empreendedorismo feminino no Brasil enfrenta barreiras estruturais que exigem ação contínua e políticas públicas voltadas para a equidade de gênero.
Em meio a esse quadro de desigualdade de gênero, a Rede Colmeia surge como um movimento que vem combatendo essas dificuldades. Ao longo de sete anos, a instituição se consolidou como um espaço de apoio, aprendizado e visibilidade para mulheres empreendedoras. O coletivo se torna parte da solução para o problema do desemprego feminino no Brasil, possibilitando que mais mulheres ingressem no mercado de trabalho e alcancem sua emancipação financeira.
Sete anos depois daquele primeiro café, com apenas oito mulheres, a instituição continua crescendo, polinizando ideias e abrindo caminhos para que mais mulheres possam alcançar seus objetivos.
Para se associar, saber mais, acesse o site: www.redecolmeiabrasil.com.br
• Instagram: @colmeiarj
• Endereço da loja modelo: Avenida Carlos Mariguela, Quadra 33, loja 108 – São Bento, Itaipuaçu.