Luciene Ferreira, ou melhor, a chef confeiteira Lu Ferreira tem uma história de vida de superação de adversidades e busca consciente de seus sonhos. Vinda do nordeste ainda criança, foi viver com a família na comunidade da Rocinha, na cidade do Rio de Janeiro. Sua mãe, Rosa Maria, sempre foi sua inspiração. Uma mulher batalhadora que, mesmo com todas as dificuldades, lutou muito para dar uma vida digna e feliz às suas filhas. Doméstica, vendedora de roupas e cosméticos e dona de barraca de petiscos na praia de Copacabana, educou suas filhas para buscar com dedicação e resiliência melhorar suas condições de vida através do estudo, trabalho e acreditando nos seus sonhos.
“Sou nordestina, negra, filha de doméstica, cresci numa comunidade pobre e tenho muito orgulho de conseguir chegar onde cheguei, graças a uma mãe que me ensinou a ser essa mulher que está aqui hoje”.
Com incentivo da mãe, cozinheira de mão cheia, Lu começa a se interessar pela cozinha ainda criança, com 8 anos. Gostava de auxiliar a dona Rosa Maria a fazer os pratos que servia nas areias de Copacabana e em casa.
A vida foi passando, Lu se casa, vai morar em Campo Grande, inicia a faculdade de Contabilidade e passa a trabalhar em setores administrativos e financeiros de empresas privadas. Em 2017, nasce seu filho, que faz com que ela decida dedicar seu tempo para ele. Assim, Luciene larga o emprego formal e vai vender roupas e outros produtos importados para amigos e de porta em porta. Em 2019, seu marido recebe uma oferta de trabalho em Maricá e a família se muda para cá.
Já residindo na cidade e incentivada pela mãe e irmã Luciana, que é confeiteira, ela dá seu primeiro passo rumo ao mundo da confeitaria, ao se inscrever num curso, em agosto de 2019, e se apaixona pela área.
Deste momento em diante, Lu passa a testar diversas receitas que aprendia vendo vídeos sobre doces nas redes sociais. Um desses vídeos ensinava a fazer panetones e promovia um curso, que ela resolve fazer.
“Em casa, preparando os panetones, eu senti uma chama no meu coração e percebi que aquele seria o meu negócio para o resto da vida”.
Com o aprendizado do curso, Lu começa a produzir chocotones e vender sob encomenda para amigos e pessoas próximas. O negócio dá tão certo que ela vende 80 chocotones no período do Natal.
A partir daí começa, de fato, a levar a sério a confeiteira, se especializando cada vez mais e se dedicando à produção de bolos e doces. Mesmo tendo que cuidar de seu filho, então com 2 anos, ela não se intimida e leva o pequeno junto para vender, diariamente, seus bolos de pote nas ruas e comércios do bairro de Inoã.
Mas Lu queria mais. Se especializa em bolos decorados e aperfeiça seus canais de venda por delivery. A iniciativa é um sucesso.
Com confiança, conhecimento técnico e entendendo, cada vez mais, toda a alquimia da confeitaria, Lu resolve dar um importante passo: ir para São Paulo estudar na Le Cordon Bleu, uma escola de formação gastronômica francesa, fundada em 1895, e uma das mais conceituadas do mundo.
Formada, passa a criar suas próprias receitas, totalmente autorais. O negócio vai crescendo até que o espaço da casa fica pequeno para o que Lu precisava. Então, decide expandir e abrir sua própria loja.
Neste ano, no mês de outubro, ela inaugurou a Doceria Lu Ferreira. Um lugar com aroma doce e suave, tranquilo e aconchegante, onde o cliente se sente em casa para tomar um café e saborear suas deliciosas tortas e doces.
“Aqui na loja eu não vendo só meus doces. Ofereço aquilo que vai junto com o sabor: o amor, o cuidado e a felicidade que tenho ao fazer minha receitas. Como diz a frase que está aqui loja: sabores que marcam e momentos que eternizam”.
Lu tem muito orgulho do que construiu, uma satisfação enorme de viver em Maricá e considera que a cidade também é parte fundamental do seu sucesso, por oferecer uma vida tranquila, relações afetivas fortes e estar envolvida numa atmosfera de cooperação, amizade, compartilhamento e respeito.
“Maricá me abrigou, as pessoas me receberam muito bem, me ajudaram a me sentir em casa. A cidade é linda, tranquila, sem miséria, cheia de projetos e incentivos. Hoje eu me sinto pertencente à Maricá e posso dizer que sou uma cidadã maricaense”.
Lu conclui deixando uma mensagem:
“A vida no empreendedorismo é uma construção de sonhos, de fé e de trabalho. Não adianta sonhar, sem trabalhar. A fé rega tudo isso e faz florescer, porque nos leva à ação e faz com que a gente acredite que somos capazes de conquistar e ser o que sonhamos”.