Nova proposta de contraturno escolar conquista famílias em Maricá

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Foto: Vinícius Manhães

Fruto da experiência de três mães que sentiram na pele a dificuldade de encontrar um espaço de contraturno escolar adequado para seus filhos, a Oca do Brincar nasceu da necessidade de oferecer um ambiente mais afetivo, acolhedor e conectado com a essência da infância.

Flávia Bento Couto, 34 anos, Gabriela Gonçalves, 40 anos, e Débora Thamsten, 38 anos, compartilham a mesma trajetória: colocaram seus filhos no berçário, tornaram-se amigas e, ao final da licença-maternidade, precisaram voltar ao trabalho. Nesse momento, enfrentaram as dificuldades de encontrar um lugar adequado para deixar seus filhos e perceberam que as propostas pedagógicas dos locais onde as crianças estavam já não atendiam mais às suas expectativas.

Foto: Vinícius Manhães

Dessa dor em comum, de mães que buscavam um espaço onde seus filhos fossem respeitados em sua individualidade e tivessem liberdade para brincar e se desenvolver, essas três mães criaram o projeto Oca do Brincar e Oca do Aprender, que hoje transforma o dia a dia de diversas famílias de Maricá.

A ideia ganhou forma em julho de 2025, com a criação da Colônia de Férias Oca do Brincar, inicialmente planejada para durar apenas uma semana. Mas o sucesso foi tanto, que se estendeu por três semanas e se mantem nos períodos de férias, acolhendo crianças com diversas atividades.

“As famílias pediram mais, e percebemos que havia uma demanda real por um espaço como esse”, conta Gabriela Gonçalves.

Foi assim que surgiu a Oca do Aprender, o contraturno escolar que hoje atende crianças de 2 a 12 anos. A Oca também está se preparando para acolher bebês. O funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h ou no período da tarde, das 13h às 17h. A alimentação também é oferecida no local, conforme a necessidade de cada família, os horários podem ser estendidos mediante acordo, e aos sábados o espaço atende mediante demanda.

Localizada no bairro São Bento da Lagoa, em Itaipuaçu, o espaço oferece pacotes a partir de R$ 90,00.

Desde sua criação, já passaram pela Oca cerca de 30 crianças, que encontraram, além de cuidado, um espaço onde o brincar é ferramenta de desenvolvimento e criatividade.

“Aqui, a gente estimula o ócio criativo, o pé na terra, o contato com a natureza, as brincadeiras antigas e o mundo da imaginação infantil”, explica Flávia Bento Couto.

“Oca significa Origem, Corpo e Ancestralidade. É isso que queremos resgatar: a história do nosso povo, das nossas culturas e das nossas infâncias”, afirma Débora Thamsten.

A proposta pedagógica da Oca é embasada em duas correntes educacionais: o Construtivismo, onde a criança constrói o conhecimento a partir das próprias experiências, e o Sociointeracionismo, que valoriza o aprendizado na relação com o outro.

Essas bases se entrelaçam com três eixos centrais que guiam todas as atividades da Oca: antirracismo, anticapacitismo e respeito ao meio ambiente, sempre sob a perspectiva dos saberes ancestrais e dos povos originários.

Mais do que oferecer suporte escolar no contraturno, a Oca propõe um ambiente onde a criança possa experimentar o mundo com liberdade, independência e segurança emocional. As telas e o excesso de estímulos são deixados de lado para dar espaço à descoberta do corpo, da criatividade e do coletivo.

“Aqui na Oca, a gente não segura na mão da criança. Ela precisa fazer por si só aquilo que é capaz de fazer sozinha, porque o adulto não vai estar com ela 24 horas. Então ela precisa aprender a correr engatinhando e caindo. Em algum momento, ela vai correr com habilidade, mas precisa passar por esse processo. E isso é normal”, explica Débora.

As atividades cotidianas valorizam brincadeiras tradicionais, como queimado, pique-pega, bolha de sabão, torta na cara e jogos com água no verão. Também são estimulados o uso de ferramentas, atividades manuais e vivências que ajudam a criança a descobrir o que gosta de fazer e a desenvolver pensamento crítico.

“As crianças pós-pandemia estão sobrecarregadas de informações. Aqui, a gente vai contra esse excesso. Queremos que elas inventem, criem, descubram o que gostam de fazer, que possam ser livres para ser quem são”, afirma Gabriela.

Na Oca, todas as formas de existência são valorizadas. As diferenças físicas, emocionais, raciais ou culturais não apenas são respeitadas, mas celebradas ativamente no dia a dia.

“Acreditamos que pessoas com deficiência, negras, indígenas, podem fazer o que quiserem. Todos são capazes. Nossas histórias, nossos livros e nossos personagens refletem isso. A criança precisa se ver no mundo”, pontua Débora.

Sem vínculo religioso, o espaço não prega crenças, mas resgata tradições e saberes ancestrais. Os conteúdos são apresentados de forma lúdica e integrados ao brincar, promovendo representatividade.

“Resgatamos as histórias indígenas, valorizamos os símbolos da nossa cultura e trazemos tudo isso de forma lúdica, com o brincar como linguagem principal”, diz Flávia.

A Oca segue em expansão. Um berçário com estrutura adaptada já está em planejamento para atender ainda mais famílias.

“Queremos que essas crianças se tornem adultos funcionais, conscientes, capazes de pensar criticamente e de contribuir com o mundo de forma empática e criativa”, resume Gabriela.

A Oca do Brincar e a Oca do Aprender são iniciativas que estimulam o desenvolvimento da criança, promovendo autonomia, criatividade e respeito à diversidade. Com um modelo pedagógico diferenciado, o projeto vem ganhando espaço em Maricá e se consolidando como uma alternativa para famílias que buscam uma educação mais humanizada.

📍 Oca do Brincar / Oca do Aprender
Rua Nossa Senhora Aparecida, 380 – Lote 42, Quadra 5
São Bento da Lagoa / Itaipuaçu – Maricá – RJ
Instagram: @ocadobrincar