Oficinas em Maricá colocam a mágica do teatro ao alcance de todos

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Oficina de interpretação - Foto 2 Clarildo Menezes

Oficinas e debates também estão fazendo parte da programação do 39º Festival de Teatro da Federação de Teatro do Estado do Rio de Janeiro (Fetaerj) – Prêmio Paschoalino 2017 – que está sendo realizado pela primeira vez, com grande sucesso, em Maricá. As oficinas integradas em que são debatidos os espetáculos geralmente acontecem no dia seguinte às apresentações e falam sobre o trabalho como um todo: figurino, cenário, direção, concepção do espetáculo, objetivo da direção, erros. A discussão pode contribuir para o crescimento do grupo.

De acordo com o diretor da Cia do Risco e Contrabando (do Complexo do Alemão, no Rio), Mauro Marques, a realização do festival acontece anualmente em cidades parceiras. “Maricá se mostrou uma grande parceira com esse equipamento maravilhoso que é o Cinema Henfil”, avalia Mauro. “Acreditamos que a cultura é importantíssima na vida do cidadão, um pilar fundamental na evolução da sociedade e felizmente Maricá está investindo nisso”, completou, enquanto ministrava a oficina de montagem teatral para um grupo de 20 alunos.

As atividades são alternadas entre individuais e em dupla. A cada exercício, os alunos falam sobre o aprendizado, tendo sempre como base concentração, foco e confiança. Entre os alunos, atores na ativa, aposentados e com pretensão na área, moradores de Maricá e até vindos de cidades vizinhas.  As aulas de interpretação tiveram início na última segunda-feira (24/07) e seguem até esta sexta-feira (28/07), totalizando 15horas/aula, com a possibilidade de uma apresentação no sábado (29/07), na hora da premiação.

 “A ideia é pegar um grupo que não se conhecia partindo do zero e finalizar com uma cena, alguns esquetes, ou seja, uma montagem teatral que tenha início, meio e fim, vivendo esse processo de produção de texto e ideias. Mas se ficar bom, e eu acredito que vai ficar, tem condições de ser apresentado”, completou Mauro.

Diretor, ator, palhaço, cineasta e morador do Recreio (RJ), Fernando Dias, contou que participa há quatro anos. “Essa oficina já é tradição para o nosso grupo. Essa troca entre as companhias é muito boa e é um aprendizado maior à cada festival que a gente vem. Incrível”, disse. Estudante de recursos humanos e bailarino do Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU), Deivid Bendison, 24 anos, morador de Araçatiba, falou sobre o amor à arte. “Essa é a primeira oficina que faço e está sendo muito importante porque amo teatro. Então, estou agregando cada momento. É uma experiência muito bacana e tenho aprendido bastante”, esclareceu.

Aos 73 anos, o ator aposentado José Ricardo da Fonseca, morador do Flamengo, também estava animado com troca de experiências da atividade teatral. “As oficinas são fundamentais porque a pessoa sempre passa alguma informação importante para os colegas, então tenho participado. Hoje estou exausto, mas quis ficar mesmo que como ouvinte para não perder nada”, explicou.

Perto dali, no mesmo horário, na Pousada Miramar, o animador cultural, ator, diretor, figurinista e maquiador Alessandro Curti ministrava a oficina de figurino explicando a diferença no corte de acordo com os tecidos – algodão ou poliéster, com listras ou liso – por conta de a roupa encolher, enrugar e as medidas a serem seguidas – altura, largura da roupa – na elaboração de uma bermuda com elástico, para cerca de 20 alunos também.

“O artista tem que saber um pouquinho de tudo. Essas oficinas são de complementação para as pessoas. Eu, no caso, estou ensinando modelagem, como se cortar um figurino. Eles ouvem e levam para os seus grupos o que aprendem aqui. Aperfeiçoam um pouco mais aquilo que já fazem. Provavelmente farão um desfile porque nós já fizemos colete, agora bermuda e amanhã camisa ou blazer”, declarou, acrescentando que o curso permite uma compreensão melhor de como se fazer um figurino e cortar uma roupa. Moradora de Irajá, a atriz e figurinista Nívia Nascimento, 33 anos, contou que resolveu participar da oficina de modelagem para compreender melhor o processo e poder confeccionar o que desenha, para não ter mais que terceirizar o serviço.

“Quando você entende o processo de construção de uma peça fica muito mais viável para fazer um modelo ou um protótipo para a costureira. Isso facilita o trabalho. E por incrível que pareça, se eu olho uma camisa acho muito complicado de fazer, mas o Alessandro faz de uma forma que quebra todos os tabus”, afirmou Nívia. “É tudo muito mais simples do que parece. Uma calça é a coisa mais ridícula de fazer, mas você olhando acha muito difícil”, justificou.

A atriz Nívia Santana, 33 anos, moradora de São Gonçalo, contou que em sua companhia em alguns momentos assume a função de figurinista. “É sempre bom você aprender um pouco mais. Está sendo bastante produtivo porque é bem prático e dinâmico. Ele já mostra como é o corte e o estilo, aí é mais fácil você aprender”, acrescentou. Aos 24 anos, o professor de teatro e ator Diogo Almeida, já fez participações em novelas de duas emissoras, mas nunca tinha participado do festival. “É a minha primeira vez. E posso dizer que Maricá está sendo exemplo para vários outros lugares porque muitas pessoas envelhecem e não tem a oportunidade de ir ao teatro, como os moradores daqui estão tendo”, analisou. “E nesse festival vem pessoas de todo o Brasil, grupos de fora do Rio. Então acho muito importante tanto para a população quanto para a cidade ter isso aqui”, ponderou.

Diogo também falou sobre capacitação. “Cada grupo tem um líder, que fica incumbido de passar o que aprendeu para outras pessoas, para muitos jovens que necessitam e possam vir a ter uma profissão. De repente este é o início de um trabalho bem sucedido para que se encontrem na profissão”, concluiu.

Oficina de figurino - Foto Clarildo Menezes

Fotos: Clarildo Menezes

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